Politica

Parceria entre Boulos e Gleisi é articulada para impulsionar projetos do governo no Congresso

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, têm discutido uma estratégia conjunta para fortalecer a base governista no Congresso Nacional. A ideia é formar uma espécie de “dobradinha política” capaz de destravar pautas consideradas prioritárias pelo governo Lula, especialmente aquelas que enfrentam resistência no Parlamento.

Nos bastidores, aliados de ambos confirmam que as conversas têm ocorrido com frequência nas últimas semanas. Boulos, que se prepara para a disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2026, busca ampliar sua influência nacional sem se distanciar do Palácio do Planalto. Gleisi, por sua vez, vê na aproximação com o deputado uma oportunidade de reafirmar a união entre PT e PSOL, partidos que historicamente compartilham bandeiras, mas mantêm diferenças estratégicas.

Entre as prioridades que a dupla pretende acelerar estão os projetos ligados à habitação popular, à taxação das grandes fortunas e à regulamentação das redes sociais — temas que enfrentam forte resistência da oposição e de setores mais conservadores do Congresso. O objetivo é coordenar ações conjuntas nas comissões e no plenário, com discursos alinhados e articulações integradas.

Segundo interlocutores do governo, Lula vê com bons olhos a aliança entre os dois. O presidente acredita que o entendimento entre as legendas de esquerda é essencial para evitar dispersão de votos e consolidar a agenda econômica e social da atual gestão. A Casa Civil, inclusive, tem acompanhado de perto o avanço dessa articulação.

Boulos pretende usar sua visibilidade e capacidade de mobilização para fortalecer o apoio popular às propostas do Executivo. Já Gleisi, com trânsito consolidado junto a lideranças do Congresso e governadores petistas, atuaria nos bastidores para garantir os votos necessários nas votações mais apertadas.

A aliança também pode funcionar como um movimento simbólico em meio à tentativa do governo de reaproximar partidos de esquerda que se distanciaram durante os debates sobre a reforma tributária e a pauta econômica.

Nos bastidores, há quem veja essa dobradinha como um teste de unidade para as eleições municipais. Caso funcione bem no Congresso, a parceria pode se repetir em campanhas estratégicas nas capitais, com o apoio mútuo entre PT e PSOL.

O desafio, contudo, será conciliar agendas distintas. Enquanto Boulos adota um discurso mais voltado aos movimentos sociais e à militância de base, Gleisi busca equilibrar o pragmatismo político necessário à governabilidade. Essa diferença de tom pode gerar tensões pontuais, embora ambos afirmem que o foco está em resultados concretos.

A movimentação sinaliza que a esquerda pretende entrar em 2026 com uma frente mais sólida, capaz de conter o avanço das forças conservadoras no Legislativo. Para o governo, a aliança é vista como um passo estratégico rumo à consolidação de uma base parlamentar mais estável e coesa.

Assim, a chamada “dobradinha Boulos-Gleisi” surge não apenas como um acordo político, mas como uma tentativa de redefinir a articulação da esquerda dentro do Congresso, com impacto direto nas votações e na agenda legislativa do Planalto.

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