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Polícia Federal aponta farsa em viagem de Filipe Martins e solicita abertura de investigação ao STF

A Polícia Federal informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-assessor especial da Presidência da República, Filipe Martins, teria forjado sua entrada nos Estados Unidos. A corporação apresentou indícios de que o ex-integrante do governo Jair Bolsonaro simulou sua saída e retorno ao Brasil com o objetivo de driblar restrições impostas pelas autoridades judiciais brasileiras.

O relatório entregue ao STF detalha que a suposta viagem de Martins, realizada em setembro, não foi confirmada pelas autoridades migratórias norte-americanas. As informações obtidas pela PF indicam que não há registro oficial de entrada do ex-assessor em território dos Estados Unidos, o que levantou suspeitas sobre uma possível tentativa de fraude documental.

Os investigadores sustentam que Martins pode ter utilizado documentos falsos ou rotas alternativas para justificar uma ausência fictícia do país. A suspeita se fortaleceu após a análise de movimentações financeiras, registros de deslocamento e comunicações, que mostraram inconsistências entre o que o ex-assessor declarou e os dados coletados durante a apuração.

A Polícia Federal solicitou, com base nessas informações, a abertura de um inquérito formal no STF para aprofundar as investigações. O pedido inclui a possibilidade de quebra de sigilos bancário, telefônico e telemático, a fim de esclarecer se houve participação de terceiros na tentativa de encobrir a real localização de Filipe Martins.

Fontes ligadas à investigação afirmam que a PF trabalha com duas hipóteses principais: a de que o ex-assessor tenha de fato tentado deixar o país de forma irregular, ou a de que ele tenha simulado a viagem apenas para criar confusão sobre seu paradeiro. Ambas as versões, segundo o relatório, seriam graves e configurariam possível obstrução de justiça.

Martins, que foi um dos principais auxiliares de Bolsonaro na área de política externa, está sob investigação por sua suposta participação em articulações antidemocráticas e ataques às instituições. Sua proximidade com figuras do antigo governo e sua atuação em bastidores políticos o colocaram entre os alvos de inquéritos conduzidos pelo STF e pela PF.

A notícia da simulação de viagem reacendeu debates sobre o monitoramento de investigados em casos de alta repercussão política. Autoridades do Judiciário manifestaram preocupação com possíveis tentativas de fuga de figuras ligadas a processos sensíveis, especialmente aqueles relacionados aos ataques às instituições democráticas ocorridos após as eleições de 2022.

O relatório da PF também menciona que, no período em que supostamente estaria fora do país, Filipe Martins manteve comunicações com interlocutores políticos no Brasil, o que reforçou as suspeitas de que nunca tenha deixado o território nacional. O documento destaca ainda que as movimentações bancárias e de cartão de crédito ocorreram normalmente em solo brasileiro durante os dias em que ele afirmava estar no exterior.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) deverá se manifestar nas próximas semanas sobre o pedido da Polícia Federal. Caberá ao STF decidir se autoriza a abertura de um novo inquérito e quais medidas serão adotadas para aprofundar a apuração do caso.

O episódio coloca novamente Filipe Martins no centro de uma polêmica envolvendo o núcleo ideológico do bolsonarismo. Sua suposta tentativa de enganar as autoridades, caso confirmada, pode agravar sua situação judicial e resultar em novas acusações por falsidade ideológica, uso de documentos falsos e obstrução de investigações oficiais.

Enquanto aguarda a decisão do Supremo, a Polícia Federal mantém o caso sob sigilo parcial, mas sinaliza que a apuração deve avançar rapidamente. O episódio é mais um capítulo no conjunto de investigações que buscam esclarecer as ações de ex-integrantes do governo Bolsonaro e suas eventuais responsabilidades em atos que atentaram contra a ordem democrática do país.

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