Plano global da Nestlé prevê redução drástica de 16 mil postos de trabalho, confirma direção
A Nestlé, uma das maiores companhias de alimentos e bebidas do mundo, anunciou um plano global de reestruturação que prevê o corte de aproximadamente 16 mil empregos nos próximos meses. A informação foi confirmada pelo diretor-presidente da empresa, que destacou que a medida faz parte de uma estratégia de reorganização operacional voltada à automação, digitalização e redução de custos em meio a um cenário econômico mundial desafiador.
A decisão, embora classificada como necessária para manter a competitividade da companhia, gerou grande repercussão no setor corporativo e sindical, especialmente por envolver uma das multinacionais mais tradicionais do planeta, com presença em mais de 180 países. De acordo com o comunicado interno divulgado pela direção, os cortes afetarão todas as regiões onde a empresa atua, com intensidade variável conforme o nível de automação e desempenho financeiro de cada mercado.
A Nestlé vem enfrentando pressão crescente sobre suas margens de lucro, resultado do aumento dos custos de matérias-primas, da inflação persistente em diversas economias e das mudanças no comportamento do consumidor, que tem buscado produtos mais sustentáveis e de menor preço. A empresa também tem investido fortemente em novas tecnologias, o que levou à substituição gradual de funções humanas por sistemas automatizados e inteligência artificial.
O CEO da companhia afirmou que, apesar da decisão dolorosa, o foco será preservar a sustentabilidade financeira da Nestlé no longo prazo. Ele ressaltou que o plano de reestruturação deve ser implementado de forma gradual, garantindo que os trabalhadores afetados recebam apoio, indenizações adequadas e programas de recolocação no mercado. Ainda segundo o executivo, a prioridade será “ajustar o tamanho da operação às novas demandas do setor e à transformação digital que o grupo vem atravessando”.
Internamente, a empresa tem identificado áreas consideradas estratégicas, como nutrição infantil, alimentos à base de plantas e suplementos nutricionais, que continuarão recebendo investimentos. Por outro lado, setores considerados de baixo desempenho, como parte das divisões de bebidas e confeitaria em mercados maduros, estão entre os mais suscetíveis aos cortes.
Economistas avaliam que a decisão reflete uma tendência global entre grandes corporações de consumo, que vêm redesenhando suas estruturas para se adaptar a uma nova realidade produtiva. Com o avanço da automação e da inteligência artificial, a busca por eficiência operacional tem levado muitas companhias a reduzir drasticamente seu quadro de funcionários, ainda que continuem apresentando lucros robustos.
Em alguns países, especialmente na Europa, sindicatos e associações de trabalhadores reagiram com indignação ao anúncio, pedindo diálogo e revisão do plano. Representantes sindicais argumentam que a empresa poderia adotar medidas alternativas, como a redução de jornada ou realocação de funcionários em vez de demissões em massa. Já em mercados como o norte-americano e o asiático, a resposta inicial foi mais contida, com foco na expectativa de como o plano afetará as operações locais.
A Nestlé tem mais de 270 mil funcionários ao redor do mundo, e o corte de 16 mil representa cerca de 6% de toda a sua força de trabalho global. Essa será a maior reestruturação da empresa em mais de duas décadas, marcando um novo momento na história da companhia suíça, que tradicionalmente se posiciona como empregadora estável e de longo prazo.
Apesar da dimensão da medida, a direção afirmou que a empresa não pretende abandonar mercados nem encerrar fábricas de forma abrupta. A estratégia, segundo o plano divulgado, será concentrar a produção em unidades consideradas mais modernas e eficientes, ao mesmo tempo em que investe em novas tecnologias para manter a liderança global.
Nos próximos meses, a expectativa é de que o conselho de administração da Nestlé apresente um relatório detalhado sobre o impacto financeiro e social da reestruturação. O desafio da companhia será equilibrar os ajustes internos com a preservação de sua imagem pública, em um momento em que consumidores e investidores demonstram crescente preocupação com práticas corporativas responsáveis.
O anúncio da Nestlé sinaliza, portanto, um ponto de inflexão na indústria global de alimentos: um movimento em direção à modernização tecnológica, mas com um custo social elevado, reacendendo o debate sobre o futuro do trabalho em tempos de automação e transformação digital acelerada.