Espanha Vira Alvo de Nova Pressão de Trump, que Cogita Elevar Tarifas por Gastos Insuficientes na OTAN
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a adotar um tom duro contra aliados europeus da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), desta vez direcionando suas críticas à Espanha. Em recentes declarações, Trump afirmou que poderá impor tarifas adicionais sobre produtos espanhóis caso o país não aumente seus investimentos na aliança militar, reacendendo tensões diplomáticas entre Washington e seus parceiros europeus.
A ofensiva de Trump faz parte de sua política de pressionar os membros da OTAN a cumprirem o compromisso de destinar pelo menos 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional para gastos em defesa, meta estabelecida desde 2014. O presidente norte-americano criticou publicamente os países que, segundo ele, “se beneficiam da proteção dos Estados Unidos sem contribuir de forma justa para os custos da segurança internacional”.
A Espanha, atualmente abaixo da meta, tem sido alvo recorrente das cobranças de Trump. O governo espanhol, liderado por Pedro Sánchez, respondeu de maneira cautelosa, destacando que o país vem aumentando gradualmente seu orçamento militar e reafirmando o compromisso com o fortalecimento da OTAN. Ainda assim, o Palácio de Moncloa avalia internamente os possíveis impactos econômicos e comerciais de uma eventual elevação tarifária.
Durante seu primeiro mandato, Trump já havia se envolvido em diversas disputas com países europeus sobre contribuições militares e políticas comerciais. Agora, como presidente reeleito, ele volta a utilizar o mesmo discurso nacionalista, prometendo defender o contribuinte americano de acordos que considera “desvantajosos” para os Estados Unidos. Essa estratégia tem forte apelo junto à sua base política e é vista como parte de um movimento mais amplo de protecionismo econômico.
Setores empresariais espanhóis reagiram com apreensão às declarações. O agronegócio, especialmente o de azeite, vinhos e frutas cítricas, teme ser novamente atingido por tarifas adicionais — como ocorreu em 2019, durante a guerra comercial entre os EUA e a União Europeia. O mercado norte-americano representa uma fatia significativa das exportações espanholas, e um bloqueio tarifário poderia causar prejuízos bilionários.
Especialistas em relações internacionais apontam que a retórica de Trump cumpre um duplo objetivo: pressionar aliados a aumentar os investimentos em defesa e reforçar sua imagem de líder que coloca os “interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar”. No entanto, esse tipo de discurso tem potencial para gerar desconforto dentro da OTAN, especialmente em um momento em que a aliança tenta demonstrar coesão diante de desafios como a guerra na Ucrânia e a crescente influência da China.
A União Europeia, por sua vez, acompanha com preocupação o tom adotado pela Casa Branca. Fontes em Bruxelas indicam que o bloco pode reagir de forma unificada caso Washington imponha novas tarifas contra um de seus membros. A Comissão Europeia já estuda possíveis contramedidas para defender os interesses comerciais da Espanha e evitar uma nova escalada de tensões transatlânticas.
No campo político, o governo espanhol tenta equilibrar diplomacia e firmeza. Pedro Sánchez tem reforçado publicamente o compromisso de Madri com a OTAN, mas também busca manter boas relações comerciais com os Estados Unidos. Parlamentares da oposição, contudo, exigem uma resposta mais assertiva, afirmando que a Espanha não deve “se curvar a chantagens tarifárias”.
Economistas alertam que uma nova guerra comercial entre Washington e Madri poderia afetar não apenas a economia espanhola, mas também o conjunto da União Europeia, impactando cadeias de produção e exportação compartilhadas. Os efeitos poderiam se estender a setores estratégicos como tecnologia, energia e indústria automotiva.
Apesar das ameaças, diplomatas próximos à Casa Branca acreditam que Trump usa a pressão como tática de negociação, buscando obter concessões sem necessariamente aplicar medidas drásticas de imediato. Ainda assim, o clima é de incerteza. A relação entre os EUA e a Europa atravessa um momento de fragilidade, e cada nova declaração do presidente norte-americano parece reavivar antigas disputas comerciais e políticas.
Enquanto isso, o governo espanhol segue tentando demonstrar que cumpre sua parte no pacto de defesa. Para Madri, a prioridade é evitar que a questão militar se transforme em um novo campo de batalha econômica. Mas, com Trump à frente da Casa Branca, o equilíbrio entre diplomacia e pragmatismo comercial parece cada vez mais difícil de sustentar.