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Maioria dos brasileiros avalia que Lula não deve buscar novo mandato, enquanto parcela expressiva defende continuidade, indica pesquisa Quaest

Uma nova pesquisa divulgada pelo instituto Quaest revelou um cenário de divisão na opinião pública sobre a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disputar a reeleição em 2026. Segundo o levantamento, 56% dos entrevistados afirmaram que o atual chefe do Executivo não deveria concorrer a um novo mandato, enquanto 42% disseram apoiar sua continuidade no cargo. O resultado expõe uma percepção mista sobre o futuro político do presidente e reflete o clima de polarização que ainda marca o país.

De acordo com o estudo, a resistência à reeleição de Lula é mais forte entre eleitores de renda média e alta, bem como nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste. Já o apoio à continuidade do presidente é mais expressivo entre eleitores do Nordeste e de classes com menor renda familiar. Essa divisão geográfica e social segue o mesmo padrão observado em eleições anteriores, o que reforça a permanência de um cenário político polarizado no Brasil.

O levantamento também apontou diferenças significativas de percepção entre faixas etárias. Entre os jovens de 16 a 24 anos, a maioria se mostrou contrária a uma nova candidatura de Lula, alegando “desejo por renovação política” e “necessidade de novas lideranças”. Em contrapartida, entre eleitores com mais de 50 anos, há uma divisão equilibrada, com parte considerável reconhecendo avanços sociais e econômicos obtidos durante os governos petistas.

Analistas políticos interpretam os números como um sinal de que, embora Lula mantenha um núcleo de apoio fiel, existe um desgaste natural decorrente do tempo no poder e do ambiente de confronto constante com a oposição. A avaliação é de que a percepção de cansaço político tende a aumentar em contextos de desaceleração econômica e dificuldade de articulação no Congresso.

A pesquisa também avaliou a imagem pessoal do presidente. Apesar do resultado sobre a reeleição, Lula ainda apresenta índices de aprovação relativamente altos, sobretudo entre os que consideram sua gestão “regular” ou “boa”. Para muitos entrevistados, o presidente é visto como uma figura experiente e capaz de conduzir o país com estabilidade, mas parte do eleitorado manifesta receio de um novo mandato comprometer a renovação de lideranças na esquerda.

Entre os eleitores que rejeitam uma nova candidatura, as justificativas mais comuns incluem o argumento de que Lula “já cumpriu seu papel histórico” e que “outros nomes deveriam assumir a liderança nacional”. O sentimento de fadiga política, segundo a Quaest, tem crescido especialmente entre eleitores independentes e aqueles que votaram no presidente em 2022, mas hoje se mostram mais críticos à condução do governo.

Por outro lado, os 42% que defendem a reeleição argumentam que Lula ainda representa um projeto de governo capaz de promover inclusão social e crescimento sustentável. Essa parcela considera que os desafios atuais — como o combate à fome, à desigualdade e à crise ambiental — exigem continuidade e estabilidade política, fatores que justificariam uma nova candidatura do petista.

A pesquisa também mostrou que o nome de Lula segue como o mais competitivo dentro do campo progressista. Mesmo entre os que rejeitam a reeleição, muitos afirmam não enxergar outro líder de esquerda com força suficiente para enfrentar o bolsonarismo ou outras candidaturas de direita em 2026. Esse dado revela a dificuldade do PT em renovar suas lideranças e preparar sucessores com visibilidade nacional.

Nos bastidores do governo, o tema é tratado com cautela. Pessoas próximas ao presidente afirmam que ele não tomou qualquer decisão sobre a possibilidade de disputar novamente, preferindo concentrar esforços na execução de políticas públicas e na consolidação de resultados econômicos até o final do mandato. Assessores reconhecem, no entanto, que a pressão por definição deve aumentar à medida que o calendário eleitoral se aproxima.

Especialistas destacam que, caso decida não concorrer, Lula terá papel decisivo na escolha de seu sucessor dentro da base governista. Nomes como Fernando Haddad, Rui Costa e o senador Jaques Wagner são frequentemente mencionados como potenciais herdeiros políticos, embora ainda não haja consenso interno no Partido dos Trabalhadores sobre qual seria o perfil ideal para enfrentar o pleito de 2026.

A pesquisa Quaest reforça, portanto, um cenário de incerteza: o presidente mantém base de apoio sólida, mas enfrenta resistência crescente à ideia de um quarto mandato. O equilíbrio entre desejo de continuidade e demanda por renovação política será um dos fatores determinantes para o rumo das próximas eleições.

Para os analistas, o dado mais revelador não é apenas a maioria contrária à reeleição, mas o fato de que uma parcela expressiva — 42% — ainda confia em Lula como liderança capaz de conduzir o país. Isso demonstra que, mesmo diante da polarização e do desgaste, o presidente segue como figura central no debate político brasileiro, influenciando diretamente a configuração da disputa eleitoral que se desenha para os próximos anos.

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