László Krasznahorkai, o escritor húngaro que conquistou o Nobel de Literatura 2025
O escritor húngaro László Krasznahorkai foi o grande vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2025, anunciado nesta quinta-feira (9) pela Academia Sueca. O autor foi reconhecido “por sua obra convincente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte”.
Nascido em 5 de janeiro de 1954, na cidade de Gyula, na Hungria, Krasznahorkai é um dos nomes mais influentes da literatura contemporânea europeia. Sua escrita é marcada por frases longas, ritmo labiríntico e reflexões profundas sobre a decadência da civilização moderna, o caos social e a fragilidade humana.
Um estilo inconfundível
Krasznahorkai ganhou notoriedade internacional com o romance “Satantango” (1985), ambientado em uma vila rural decadente e símbolo do colapso moral e econômico de uma sociedade pós-comunista. A obra foi adaptada para o cinema pelo diretor Béla Tarr, parceiro frequente do autor, em um filme de mais de sete horas considerado uma das maiores experiências cinematográficas da Europa Oriental.
Outro de seus trabalhos mais celebrados é “A Melancolia da Resistência” (1989), que também inspirou o filme “As Harmonias de Werckmeister”. Nessas narrativas, o autor cria um universo denso e quase hipnótico, onde a destruição e a esperança coexistem em equilíbrio frágil.
Ao longo da carreira, publicou títulos como “Guerra e Guerra”, “Seiobo There Below”, “Destruction and Sorrow Beneath the Heavens” e “O Retorno de Wenckheim”, todos marcados por uma linguagem que mistura o existencialismo europeu à contemplação espiritual e filosófica.
Comparações e influências
Críticos literários frequentemente comparam Krasznahorkai a Franz Kafka e Thomas Bernhard, pela profundidade psicológica e pela crítica amarga às estruturas do poder e da sociedade. Ao mesmo tempo, sua experiência de vida e viagens pelo Leste Asiático — especialmente pela China e pelo Japão — introduziram à sua obra uma dimensão meditativa e artística, refletindo sobre o papel da beleza e da arte em tempos de desintegração.
O segundo húngaro a conquistar o Nobel
Com o prêmio de 2025, Krasznahorkai torna-se o segundo autor húngaro a receber o Nobel de Literatura, após Imre Kertész, vencedor em 2002. A conquista reforça a relevância da literatura húngara no cenário mundial e a força de uma tradição que une o pessimismo existencial à profundidade filosófica.
A Academia Sueca destacou que sua obra “afirma a arte como forma de resistência contra o colapso moral e espiritual do mundo contemporâneo”.
Repercussão e legado
A premiação foi celebrada por críticos e leitores em todo o mundo. Para muitos, Krasznahorkai representa uma voz rara: um autor que desafia o leitor e, ao mesmo tempo, oferece uma experiência literária transformadora.
Editoras de diversos países já anunciaram novos lançamentos e reedições de suas obras, que vêm ganhando mais espaço também no Brasil. Sua literatura, descrita como “difícil, mas recompensadora”, reflete uma visão de mundo em que o desespero e a beleza coexistem — e onde, mesmo em meio ao caos, a arte continua sendo uma forma de salvação.