Morre Berta Loran, humorista de mais de sete décadas no Brasil
Berta Loran, nome artístico de Basza Ajs, foi uma atriz e comediante de origem polonesa, naturalizada brasileira, cuja carreira se estendeu por mais de 70 anos. Nascida em Varsóvia, na Polônia, em 23 de março de 1926, ela faleceu em 29 de setembro de 2025, no Rio de Janeiro, aos 99 anos de idade.
Origens e chegada ao Brasil
Filha de pais judeus, seu pai, Judka Ajs, era alfaiate e também ligado ao teatro; sua mãe, Chaja Gitla Ajs. Em 1937, quando Berta ainda era criança, a família fugiu da Europa para escapar da perseguição nazista, instalando-se no Brasil.
Ela adotou o nome de “Berta”, que viria a ser seu nome artístico, ainda na infância, quando colegas e autoridades passaram a adaptar seu nome original, Basza, para facilitar a pronúncia.
Carreira artística
Desde cedo, demonstrou gosto pela atuação: aos 14 anos fez sua estreia no teatro, interpretando personagens cômicos — uma característica marcante do seu estilo.
Trabalhou nos palcos, no cinema e na televisão. No cinema, participou de comédias e musicais nos anos 50 e 60. Na TV, estão entre seus trabalhos mais lembrados os programas de humor da Rede Globo: Bairro Feliz (1966), Faça Humor, Não Faça Guerra, Planeta dos Homens, Escolinha do Professor Raimundo (1990) e Zorra Total. Também atuou em novelas como Amor com Amor Se Paga, Cama de Gato, Cordel Encantado e A Dona do Pedaço.
Entre seus personagens mais icônicos estão Manuela D’Além-Mar, da Escolinha do Professor Raimundo, e a empregada Frosina, na novela Amor com Amor Se Paga.
Vida pessoal
A trajetória de Berta Loran também foi marcada por momentos intensos fora das câmeras. Ela foi casada algumas vezes, mas não teve filhos. Sua vida carrega o peso do trauma da Segunda Guerra Mundial e da adaptação a um novo país, mas também a força de quem transformou as próprias dores em humor.
Mesmo em idade avançada, dizia que não pensava em se aposentar. Repetia que atuar era sua paixão e que provocar risadas nas pessoas era a sua maior recompensa.
Legado
Berta Loran deixa um legado de mulher que escolheu o humor como profissão e missão, atravessando gerações. Sua presença marcou a televisão brasileira em diferentes fases: do humor clássico ao contemporâneo, do rádio-teatro ao streaming.
Sua morte aos 99 anos representa o fim de uma era, mas suas personagens e histórias continuam vivas no imaginário de quem cresceu acompanhando seus bordões, suas interpretações e sua habilidade única de transformar o cotidiano em riso.