Entre batatas, TCU e meta fiscal: como o governo equilibra pressão política e ajuste de contas
A cena pode parecer curiosa, mas ajuda a traduzir o momento do governo. De um lado, ministros da área econômica discutem projeções fiscais com o Tribunal de Contas da União (TCU), sob a expectativa de mostrar responsabilidade e disciplina orçamentária. De outro, parlamentares e governadores pressionam por mais espaço nos gastos, lembrando que a base política se alimenta, em grande parte, de obras e repasses federais. No meio disso tudo, a “batata quente” da meta fiscal está nas mãos do Planalto.
O dilema da meta fiscal
A meta de resultado primário — indicador que mede se o governo gasta mais do que arrecada sem contar os juros da dívida — é uma das âncoras do novo arcabouço fiscal. O problema é que o cumprimento dessa meta exige cortes, contenção de despesas e aumento de receitas em um ambiente de economia ainda lenta.
O TCU acompanha de perto essa execução, cobrando do Executivo clareza nas contas e nos cálculos. O tribunal não apenas fiscaliza, mas também pressiona para que as previsões apresentadas tenham consistência e não dependam de “receitas improváveis”.
A batata nas mãos do governo
Dentro do próprio governo, há divergências. Enquanto o Ministério da Fazenda insiste na importância de manter credibilidade e cumprir a meta, parte da articulação política avalia que flexibilizar os números pode ser mais realista. Afinal, o custo político de cortes em ano pré-eleitoral pode ser alto demais.
O termo “batata” surge como metáfora: quente demais para ser carregada por muito tempo, a meta fiscal passa de mão em mão — do Planalto ao Congresso, do Congresso ao TCU — sem que ninguém queira assumir sozinho o desgaste de decidir.
Impacto econômico e político
O mercado financeiro olha com atenção. Cada sinal de fragilidade no compromisso fiscal se reflete em dólar, juros e bolsa. Já a base política cobra recursos para emendas, programas sociais e obras que sustentam o apoio no Congresso.
O TCU, por sua vez, atua como fiscal rigoroso, tentando garantir que a contabilidade não seja maquiada. Em paralelo, a oposição usa cada revisão da meta como argumento contra a seriedade do governo.
E o futuro?
A discussão sobre a meta fiscal seguirá sendo um termômetro do equilíbrio entre política e economia. Para especialistas, se o governo conseguir mostrar um plano crível de ajuste sem sacrificar programas essenciais, terá mais fôlego para atravessar o cenário turbulento até 2026.
Enquanto isso, a “batata” continua circulando.