Haddad defende reforma tributária e promete redução no preço da carne até para os mais ricos
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a destacar os efeitos esperados da reforma tributária, aprovada em etapas pelo Congresso e agora em fase de regulamentação. Segundo ele, a mudança no sistema de impostos não vai apenas simplificar a vida de empresas e consumidores, mas também terá impacto direto sobre o preço de produtos essenciais, como a carne. “Até o rico vai pagar mais barato na carne”, afirmou, em defesa do novo modelo.
A promessa de preços menores
O argumento de Haddad se baseia na substituição do atual sistema de tributos indiretos por um Imposto sobre Valor Adicionado (IVA), que unifica e reorganiza taxas cobradas em várias instâncias da produção e do consumo.
No modelo vigente, cada etapa da cadeia produtiva da carne – desde a ração e transporte do gado até o frigorífico, o atacado e o varejo – sofre incidência de impostos diferentes, muitas vezes cumulativos. Essa “cascata tributária” encarece o preço final pago pelo consumidor.
Com o novo regime, o tributo passa a ser cobrado apenas sobre o valor agregado, eliminando distorções e reduzindo a cumulatividade. Para Haddad, isso permitirá que a carne chegue ao prato do brasileiro com preços mais baixos, beneficiando todas as classes sociais.
Do consumidor ao mercado
A fala de Haddad tem também um componente político e simbólico. A carne, frequentemente vista como termômetro do custo de vida, tornou-se um dos itens mais sensíveis na mesa das famílias brasileiras. Em momentos de alta, é comum que o consumo migre para alternativas mais baratas, como frango e ovo, reforçando a percepção de perda de poder de compra.
Ao prometer que até os mais ricos sentirão a queda de preços, o ministro tenta reforçar que os efeitos da reforma não serão seletivos, mas abrangentes. Isso também funciona como resposta a críticos que acusam a mudança de ser complexa e incerta em seus resultados.
O desafio da transição
Apesar do tom otimista, a transição para o novo modelo não será imediata. A implementação da reforma foi planejada para ocorrer ao longo de vários anos, em um processo gradual que só estará completo na próxima década. Até lá, coexistirão regras antigas e novas, exigindo ajustes tanto do setor privado quanto do governo.
Outro ponto levantado por especialistas é que, mesmo com a simplificação, outros fatores continuarão influenciando o preço da carne, como o dólar (que impacta insumos e exportações), o custo de produção agrícola e o mercado internacional.
Impacto social e político
O discurso de Haddad também dialoga com a pressão por mais justiça fiscal. A promessa de que o novo sistema será mais eficiente e trará ganhos para a população pode ajudar o governo a defender a medida diante de resistências políticas no Congresso e críticas de setores que temem aumento da carga tributária.
Além disso, ao escolher a carne como exemplo, o ministro fala diretamente ao imaginário popular: o consumo de carne vermelha é historicamente associado à prosperidade no Brasil, e sua ausência, à crise econômica.
Expectativas para os próximos anos
Embora o alívio imediato no bolso do consumidor ainda dependa de variáveis além da tributação, o governo aposta que a reforma trará efeitos cumulativos de previsibilidade, simplificação e eficiência que ajudarão a conter preços no longo prazo.
Se a promessa de Haddad se concretizar, a carne poderá simbolizar um dos primeiros ganhos tangíveis de uma das mudanças mais ambiciosas do sistema tributário brasileiro nas últimas décadas.