Carla Araújo aponta desafio quase impossível de Bolsonaro: conter Eduardo Bolsonaro
O cenário político dentro do bolsonarismo enfrenta uma tensão crescente entre Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Para a jornalista Carla Araújo, especialista em política nacional, a missão do ex-presidente de tentar controlar o filho é praticamente impossível. Segundo Araújo, a relação entre os dois se tornou um dos principais fatores de instabilidade dentro do núcleo bolsonarista, capaz de impactar estratégias eleitorais e negociações políticas.
Eduardo Bolsonaro: força própria dentro do grupo
Eduardo não é apenas um parlamentar; é um ator político com voz ativa, articulação própria e base consolidada dentro do partido. Seus movimentos, muitas vezes independentes, desafiam a autoridade de Jair Bolsonaro, que historicamente tentou manter coesão no grupo familiar e partidário.
Carla Araújo destaca que o deputado tem liberdade para se posicionar publicamente, influenciar discursos e até mesmo atuar em negociações externas. Essa autonomia fortalece sua imagem dentro de determinados nichos do eleitorado conservador, mas cria um conflito direto com a estratégia do pai, que busca consolidar liderança e centralidade na tomada de decisões.
O desafio para Bolsonaro
Segundo a jornalista, Bolsonaro enfrenta uma “missão quase impossível” porque tentar controlar Eduardo não é apenas uma questão de autoridade familiar: é uma batalha política complexa. O deputado possui apoio em setores da bancada do PL, de parlamentares aliados e de segmentos do bolsonarismo digital.
Qualquer tentativa de limitar Eduardo publicamente poderia gerar reação contrária, risco de divisão interna e desgaste de imagem para o próprio Bolsonaro. Ao mesmo tempo, não agir pode deixar o ex-presidente refém de decisões e posições tomadas pelo filho, minando sua capacidade de comandar a narrativa política do grupo.
Impactos na base bolsonarista
A tensão entre pai e filho reverbera em diferentes níveis. Entre eleitores e apoiadores, aumenta a percepção de desorganização; no Congresso, gera dificuldades para alinhar votações; e fora do Brasil, enfraquece a imagem de unidade que sempre foi explorada como diferencial pelo ex-presidente.
Araújo ressalta que esse cenário de fricção interna pode abrir espaço para adversários políticos explorarem a divisão, reduzindo a capacidade do grupo bolsonarista de se apresentar coeso em eventos eleitorais e debates públicos.
Caminhos possíveis
Apesar do cenário difícil, Carla Araújo aponta que ainda há alternativas: Bolsonaro pode buscar uma negociação interna, garantindo que Eduardo siga diretrizes estratégicas sem publicamente confrontá-lo. Outra possibilidade é institucionalizar um espaço de diálogo e articulação compartilhada, mas isso depende da disposição de ambos em ceder parte do protagonismo individual.
No entanto, a especialista enfatiza que qualquer tentativa será limitada: “É um equilíbrio delicado, e a autonomia de Eduardo dentro do PL torna a missão do pai praticamente inviável de forma total. Bolsonaro terá de conviver com a dinâmica do filho, seja por acordo ou por tolerância estratégica.”