Politica

Aceno de Trump a Lula expõe enfraquecimento do grupo de Marco Rubio nos EUA

O gesto recente de Donald Trump em direção ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi interpretado em Washington como um sinal de que a ala mais dura do Partido Republicano, liderada pelo senador Marco Rubio, perdeu espaço na estratégia externa dos republicanos. Para analistas, a aproximação de Trump com Lula tem menos a ver com afinidade ideológica e mais com pragmatismo político, refletindo mudanças no tabuleiro geopolítico e eleitoral dos Estados Unidos.


O aceno e o simbolismo

Trump, que até pouco tempo evitava qualquer gesto em relação ao Brasil governado pelo PT, surpreendeu ao adotar um tom mais conciliador. Esse movimento foi lido como um reconhecimento da importância do Brasil no cenário internacional, em especial pela liderança do país nas pautas ambientais e nas negociações comerciais.

Mais do que um gesto isolado, o aceno serviu para marcar território em um momento em que Trump busca reforçar sua imagem de estadista, de olho na disputa presidencial de 2024. Aproximar-se de Lula, mesmo que simbolicamente, permite a Trump dialogar com setores econômicos interessados em estabilidade nas relações bilaterais e nos fluxos comerciais.


A queda de influência de Marco Rubio

Marco Rubio vinha sendo um dos principais porta-vozes da direita republicana mais intransigente em relação à América Latina, com um discurso duro contra governos de esquerda da região. Durante anos, o senador da Flórida buscou pautar a política externa dos EUA para o continente, alinhando-se a figuras como Jair Bolsonaro e defendendo o isolamento de países como Cuba, Venezuela e Nicarágua.

O aceno de Trump a Lula, no entanto, enfraquece essa narrativa. Ele mostra que, mesmo dentro do Partido Republicano, há uma visão de que a diplomacia com o Brasil não pode estar condicionada a disputas ideológicas internas, mas deve priorizar interesses econômicos e estratégicos.


O cálculo político de Trump

Ao buscar aproximação com Lula, Trump sinaliza também ao empresariado norte-americano, especialmente setores ligados ao agronegócio, energia e tecnologia, que o Brasil é um parceiro que não pode ser ignorado. Em meio à disputa acirrada com a China pela influência no Sul Global, esse movimento se torna ainda mais relevante.

Além disso, ao relativizar a postura hostil de Rubio, Trump busca concentrar em si o protagonismo da política externa republicana, deixando claro que não permitirá que parlamentares definam os rumos das relações internacionais de sua candidatura.


Repercussão no Brasil e nos EUA

No Brasil, o gesto foi recebido como um reconhecimento da importância diplomática de Lula, que ganha fôlego em sua tentativa de reposicionar o país como ator central em negociações globais. Nos EUA, o aceno repercute como derrota simbólica para Rubio e sua ala, que perdem espaço justamente no momento em que tentavam reforçar sua influência junto ao eleitorado latino e conservador da Flórida.


O que pode vir pela frente

Ainda que o gesto não represente uma aliança formal, ele abre margem para novos movimentos. Trump, pragmaticamente, pode intensificar sua interlocução com Lula em busca de projeção internacional, enquanto Rubio e aliados terão de repensar sua estratégia de confronto ideológico.

O Brasil, por sua vez, ganha mais margem de manobra diplomática, podendo explorar a rivalidade entre diferentes alas republicanas em benefício de sua política externa.


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