Em Nova York, Lula rebate críticas de Trump e sai em defesa do STF
Durante sua passagem pelos Estados Unidos para a Assembleia Geral da ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou uma entrevista coletiva em Nova York para defender publicamente o Supremo Tribunal Federal (STF) após críticas feitas pelo ex-presidente Donald Trump.
Trump, que tem se aproximado de setores da direita brasileira, voltou a questionar decisões da Justiça no Brasil, insinuando que a atuação do STF fragilizaria a democracia e cercearia opositores. Lula respondeu de forma direta: “Nosso sistema de Justiça é livre, independente e respeitado. As instituições brasileiras não se curvam a pressões políticas externas”, disse.
Defesa enfática das instituições brasileiras
O presidente reforçou que a democracia no Brasil passa, necessariamente, pelo respeito às decisões judiciais. “O Supremo pode ser alvo de críticas, como acontece em qualquer democracia, mas não pode ser alvo de ataques que coloquem em dúvida sua legitimidade. O Brasil não aceita tutelas de fora e muito menos provocações de quem já tentou subverter seu próprio país”, afirmou Lula, em referência indireta ao episódio da invasão do Capitólio em janeiro de 2021.
Relação com os EUA em novo teste
A fala de Lula acontece justamente às vésperas de um encontro inédito entre ele e o próprio Trump nos bastidores da ONU, já que ambos estarão presentes em painéis distintos, mas em um mesmo ambiente diplomático. O gesto do presidente brasileiro foi interpretado como um recado de que não aceitará tentativas de importação de narrativas trumpistas sobre o sistema de Justiça.
Diplomatas brasileiros destacam que, embora o governo de Joe Biden mantenha diálogo cordial com Lula, a força política de Trump nos EUA — e sua relação simbiótica com parte da direita no Brasil — obriga o Planalto a se posicionar claramente para não abrir margem a desgastes internos.
Reação em Brasília
A fala de Lula repercutiu imediatamente no Brasil. Parlamentares da oposição acusaram o presidente de “blindar o STF” em troca de benefícios políticos. Já aliados no Congresso consideraram a resposta necessária para proteger a imagem institucional do país no exterior.
Analistas avaliam que o gesto também é estratégico para Lula: ao defender o STF no cenário internacional, ele reforça a legitimidade das cortes brasileiras e cria um contraponto direto à retórica bolsonarista, que ecoa discursos trumpistas contra instituições judiciais.
A simbologia do embate
Especialistas em relações internacionais lembram que o embate entre Lula e Trump, ainda que indireto, ultrapassa a diplomacia e toca no campo da disputa narrativa global. De um lado, Trump tenta se projetar como referência para líderes e movimentos populistas de direita em vários países. De outro, Lula procura se firmar como voz do Sul Global, defendendo soberania nacional e instituições democráticas.
Assim, a Assembleia Geral da ONU deste ano não apenas reúne chefes de Estado, mas também se torna palco simbólico de choques de visões sobre democracia, justiça e soberania.