PicPay é acusado de impor condições polêmicas em contratação de agência de publicidade
O mercado publicitário foi surpreendido por informações de que o PicPay, uma das maiores fintechs do país, teria adotado uma estratégia considerada abusiva para a escolha de sua nova agência de propaganda. A empresa estaria condicionando a contratação do serviço de comunicação a outros tipos de acordos paralelos, o que especialistas do setor descrevem como uma forma de “venda casada”.
O modelo de contratação questionado
Segundo relatos de profissionais envolvidos no processo, o PicPay teria estruturado a concorrência de forma que as agências interessadas em cuidar da sua conta publicitária precisassem aceitar condições adicionais que iam além do escopo natural da atividade. Entre elas, estariam contrapartidas financeiras e compromissos que, na visão de concorrentes, não guardam relação direta com a criação e execução de campanhas.
Essa prática, embora não seja inédita no mercado, chama atenção pelo porte da empresa e pelo impacto que pode causar em uma disputa já marcada por margens apertadas e intensa competitividade.
Repercussão no setor
Para executivos do meio publicitário, o episódio reabre um debate antigo sobre a relação de poder entre grandes anunciantes e agências. Muitos profissionais defendem que as fintechs, ao crescerem rapidamente, têm buscado impor modelos de parceria pouco sustentáveis. O risco, dizem, é que a busca por redução de custos ou maior controle estratégico acabe inviabilizando a criatividade e a independência necessárias em campanhas de grande porte.
Implicações legais e regulatórias
Especialistas em direito do consumidor lembram que a chamada “venda casada” é uma prática vedada pelo Código de Defesa do Consumidor, justamente por restringir a liberdade de escolha e criar vínculos comerciais artificiais. Embora o caso do PicPay envolva relações entre empresas, e não diretamente consumidores, advogados avaliam que o princípio pode ser invocado caso haja judicialização.
O silêncio da empresa e as expectativas
Até o momento, a companhia não detalhou publicamente as condições do processo de seleção, preferindo tratar o assunto de forma reservada. Dentro do setor, porém, a movimentação já gera desconforto e levanta dúvidas sobre os critérios de transparência que deveriam nortear contratações desse porte.
A disputa pela conta do PicPay segue sendo vista como uma das mais valiosas do mercado neste ano, e a forma como a empresa conduzirá o desfecho será decisiva para sua imagem não apenas perante agências, mas também diante de investidores e consumidores atentos às práticas corporativas.