Ato em Brasília resgata bandeira nacional e relega símbolos estrangeiros aos bolsonaristas
As manifestações políticas realizadas neste fim de semana em Brasília trouxeram um novo elemento ao debate sobre símbolos nacionais: a retomada da bandeira do Brasil como instrumento de unidade e identidade coletiva. Em contraste, a bandeira dos Estados Unidos, frequentemente exibida em atos bolsonaristas nos últimos anos, foi deixada de lado, marcando uma clara separação simbólica entre grupos que disputam espaço no cenário político.
A reconstrução de um símbolo
Durante o governo de Jair Bolsonaro, a bandeira brasileira foi apropriada como emblema por apoiadores do ex-presidente, que a associavam ao discurso de “patriotismo” e combate à esquerda. Esse uso intensivo levou parte da sociedade a enxergar o verde e amarelo como símbolos vinculados a um projeto político específico. O ato deste fim de semana buscou justamente ressignificar essa imagem, devolvendo à bandeira o caráter de representação de todo o povo brasileiro, acima de partidos ou lideranças.
Faixas, camisetas e cartazes reforçaram a ideia de que o Brasil pertence a todos, e não a um grupo político em particular.
A exclusividade da bandeira americana
Enquanto isso, a presença da bandeira dos EUA, muito utilizada por militantes bolsonaristas em manifestações passadas, não foi vista no ato. Essa ausência reforçou a percepção de que o símbolo estrangeiro se consolidou como uma marca identitária de um segmento específico da direita, mais alinhado ao discurso de Donald Trump e ao ideário conservador norte-americano do que a uma narrativa genuinamente nacional.
Impacto político da disputa simbólica
Especialistas em comunicação política apontam que a disputa por símbolos visuais é tão relevante quanto a luta por narrativas. A bandeira nacional, quando monopolizada por um campo ideológico, cria a sensação de exclusão para os demais. Ao resgatá-la como representação coletiva, o ato em Brasília buscou construir uma nova frente de mobilização política baseada em unidade e diversidade.
Já a “americanização” de atos bolsonaristas — com bandeiras dos EUA, referências a Trump e até a estética de campanha norte-americana — reforça a ideia de dependência simbólica e ideológica em relação a um projeto político externo, algo que gera críticas até entre setores mais moderados da direita.
O que está em jogo daqui para frente
A disputa por símbolos nacionais deve permanecer como um dos campos mais intensos da política brasileira nos próximos anos. O resgate do verde e amarelo como patrimônio coletivo pode ter efeitos de longo prazo, ajudando a reduzir a polarização e a fortalecer a ideia de pertencimento nacional.
Ao mesmo tempo, a escolha de parte da direita em manter a bandeira americana como símbolo de identidade política pode limitar sua capacidade de diálogo com setores mais amplos da sociedade, reforçando a percepção de que se trata de um movimento sectário e dependente de inspirações externas.