Sem citar Bolsonaro, Tarcísio diz que anistia não é impunidade: ‘Pacificar’
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, voltou a se posicionar sobre a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, tema que domina o debate político em Brasília e repercute nas ruas e redes sociais. Sem mencionar diretamente o nome de Jair Bolsonaro, seu aliado e figura central na articulação em torno da medida, Tarcísio defendeu que a anistia deve ser entendida como um gesto de pacificação nacional, e não como uma carta branca para a impunidade.
O discurso de Tarcísio
Em sua fala, o governador argumentou que o país atravessa um período de forte polarização e que a concessão de anistia pode servir como um caminho para recompor laços institucionais e sociais. “Anistia não pode ser confundida com impunidade. Ela é um instrumento para que possamos virar a página, pacificar e reconstruir a confiança”, afirmou, em tom de defesa do projeto que vem sendo discutido no Congresso.
Ao evitar citar Bolsonaro, Tarcísio procurou manter um discurso equilibrado, tentando não ampliar o embate político direto. Para analistas, sua postura sugere uma tentativa de se consolidar como voz ponderada dentro do campo conservador, sem romper laços com o ex-presidente.
A polêmica da anistia
O debate em torno da anistia continua sendo um dos pontos mais delicados da agenda política. De um lado, apoiadores defendem que ela seria necessária para evitar que milhares de pessoas sejam punidas de forma considerada desproporcional, especialmente manifestantes que participaram dos atos, mas não cometeram violência direta. Do outro, opositores afirmam que perdoar os envolvidos significaria fragilizar a democracia e passar uma mensagem perigosa de tolerância com ataques às instituições.
Nesse cenário, a fala de Tarcísio foi interpretada como uma tentativa de suavizar a imagem da proposta, apresentando-a menos como um gesto político-partidário e mais como uma medida de alcance social, voltada à reconciliação.
As entrelinhas políticas
Mesmo sem mencionar Bolsonaro, a declaração de Tarcísio não passou despercebida. O silêncio em relação ao ex-presidente foi visto por alguns parlamentares como um sinal de cautela. Ele sabe que qualquer referência direta a Bolsonaro pode inflamar ainda mais o debate e dificultar sua própria estratégia política de se projetar nacionalmente.
Além disso, Tarcísio busca se equilibrar entre a fidelidade ao bolsonarismo e a necessidade de manter diálogo com outras forças políticas e econômicas, especialmente em São Paulo, onde o ambiente exige pragmatismo para governar.
Reações e repercussão
O pronunciamento repercutiu tanto no Congresso quanto nas redes sociais. Aliados mais próximos de Bolsonaro elogiaram o gesto de apoio indireto, enquanto opositores criticaram a tentativa de “maquiar” o que consideram um movimento de blindagem política. Nas redes, apoiadores de Tarcísio destacaram sua postura como madura e responsável, ao passo que críticos apontaram contradição entre falar em pacificação e, ao mesmo tempo, endossar um perdão coletivo.
Conclusão
Ao defender a anistia como um ato de pacificação sem mencioná-lo nominalmente, Tarcísio de Freitas reforça sua posição como ator importante na arena política nacional. Sua fala mostra a preocupação em equilibrar o apoio à base bolsonarista com a construção de uma imagem mais moderada e institucional. O desafio, no entanto, é sustentar esse equilíbrio em um país onde o tema da anistia divide profundamente sociedade, partidos e instituições.