Economia

Senadores dos EUA pedem fim de tarifas ao Brasil e veem ato de Trump como retaliação política

Um grupo de senadores norte-americanos voltou a pressionar o governo e a Representação Comercial dos Estados Unidos (USTR) para revogar tarifas impostas a produtos brasileiros, especialmente sobre o aço e o alumínio, herdadas do período Donald Trump. Para os parlamentares, essas medidas não têm justificativa econômica sólida e configuram um gesto de retaliação política contra o Brasil durante o governo anterior.


A origem das tarifas

Em 2018, Donald Trump anunciou sobretaxas globais sobre o aço (25%) e o alumínio (10%) alegando questões de segurança nacional. O Brasil, um dos principais exportadores de aço para o mercado norte-americano, acabou sendo atingido, apesar de negociações que resultaram em cotas de exportação.

À época, o governo brasileiro tentou acordos de isenção total, mas Washington manteve o cerco, prejudicando siderúrgicas nacionais e encarecendo os produtos brasileiros nos EUA.


Pressão no Congresso norte-americano

Agora, senadores de diferentes estados argumentam que a manutenção dessas tarifas prejudica cadeias produtivas americanas que dependem de insumos brasileiros, como setores de construção civil, automotivo e de infraestrutura.

Para eles, o Brasil não representa uma ameaça estratégica e, portanto, não deveria ser tratado no mesmo pacote de países vistos como rivais comerciais diretos dos EUA, como China e Rússia.

Além disso, parlamentares mais críticos a Trump afirmam que as medidas adotadas em 2018 tiveram também um componente vingativo — uma forma de pressionar países que não estavam alinhados ao estilo “America First” de sua administração.


Impactos para o Brasil

O fim das tarifas traria alívio imediato para siderúrgicas brasileiras, que perderam espaço no mercado norte-americano desde 2018. Empresas nacionais, sobretudo em Minas Gerais e Espírito Santo, poderiam recuperar contratos e ampliar exportações, já que os EUA ainda figuram entre os maiores compradores de aço brasileiro.

No curto prazo, isso poderia gerar mais competitividade para o Brasil, aumento de receitas e maior dinamismo nas regiões exportadoras.


Relação bilateral em jogo

A pressão dos senadores ocorre em um momento em que o governo Joe Biden busca fortalecer laços com aliados estratégicos para reduzir a dependência da China em setores-chave. Nesse contexto, o Brasil surge como um parceiro relevante na produção de matérias-primas, energia limpa e até tecnologia de defesa.

Revogar tarifas herdadas do período Trump seria também um gesto político importante, reforçando a mensagem de que Washington está disposta a corrigir excessos do passado e estreitar a cooperação com Brasília.


Conclusão

O embate em torno das tarifas mostra como decisões tomadas durante o governo Trump continuam reverberando nas relações comerciais entre Brasil e EUA. Se prosperar, a pressão dos senadores pode representar não apenas ganhos econômicos imediatos, mas também um novo capítulo na aproximação estratégica entre os dois países.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *