Expansão no setor de entregas no Brasil receberá aporte de R$ 2 bilhões por parte da 99
Em um movimento ambicioso para consolidar sua presença no mercado de entregas, a 99, empresa já consolidada no setor de transporte por aplicativo no Brasil, anunciou um investimento expressivo de R$ 2 bilhões focado exclusivamente na área de delivery. O anúncio sinaliza uma guinada estratégica da companhia, que pretende disputar espaço de forma mais agressiva com gigantes do segmento, como iFood e Rappi, ao mesmo tempo em que busca ampliar sua atuação para além do transporte de passageiros.
O plano da 99 envolve um processo de expansão estrutural, tecnológica e operacional em todo o território nacional, com foco especial em cidades de médio porte e regiões periféricas dos grandes centros urbanos. A meta é clara: tornar a plataforma de entregas da empresa, a 99Entrega, uma das líderes do setor até 2027.
Aposta no crescimento sustentável e descentralizado
Segundo executivos da companhia, o investimento será distribuído em diversas frentes, incluindo ampliação da frota de entregadores, subsídios temporários para restaurantes e comércios parceiros, melhorias na infraestrutura tecnológica do aplicativo e incentivos para usuários. A empresa também planeja ampliar sua presença em regiões onde o delivery ainda não está consolidado, buscando atingir públicos que foram historicamente deixados de lado por outras plataformas.
Esse crescimento fora dos grandes centros é considerado estratégico. A 99 vê nas cidades médias e pequenas uma oportunidade de expansão sustentável, com menor concorrência direta e um mercado consumidor em ascensão. A descentralização dos serviços, segundo a empresa, faz parte de um compromisso com a inclusão digital e econômica.
Diversificação de serviços dentro da plataforma
A nova etapa de investimento também prevê a diversificação dos serviços oferecidos. A 99 pretende integrar soluções de entrega para diferentes tipos de produtos, como farmácias, pet shops, mercados e itens de conveniência. Além disso, está no radar a implementação de ferramentas específicas para entregas B2B (business to business), permitindo que empresas usem a estrutura logística da plataforma para distribuir mercadorias de forma mais rápida e eficiente.
A empresa quer se posicionar como uma plataforma completa de mobilidade e logística urbana, unificando em um só ecossistema as soluções para transporte de pessoas, alimentos e produtos. Essa visão está em linha com a tendência global de “super apps”, que concentram múltiplos serviços em uma única interface digital.
Foco na tecnologia e na experiência do usuário
Do total de R$ 2 bilhões a serem investidos, uma parcela significativa será destinada ao aprimoramento da experiência do usuário e ao desenvolvimento de tecnologia. A 99 pretende investir em inteligência artificial, roteirização automatizada, recomendação personalizada de restaurantes e otimização do tempo de entrega. Também estão previstas melhorias no atendimento ao cliente e na interface do aplicativo, visando tornar a navegação mais intuitiva e eficiente.
A empresa destaca que boa parte dessas melhorias será implementada com base em pesquisas e análises de comportamento dos próprios usuários brasileiros, garantindo soluções adaptadas à realidade local, e não apenas importadas de modelos internacionais.
O impacto na concorrência e no setor de entregas
A entrada agressiva da 99 no mercado de delivery reacende a concorrência em um setor que, até então, vinha sendo dominado por poucos grandes players. A perspectiva de maior competição é vista com bons olhos por comerciantes e consumidores, que esperam por melhores condições comerciais e preços mais acessíveis.
Para os restaurantes parceiros, o movimento pode significar taxas mais competitivas, além de acesso a uma base de usuários já consolidada da 99. A empresa promete políticas de comissão diferenciadas e maior transparência na relação com os estabelecimentos cadastrados. Também estão nos planos campanhas de visibilidade e ferramentas de marketing para impulsionar os negócios locais dentro do app.
Geração de empregos e renda para entregadores
Outro ponto destacado no anúncio do investimento é o impacto social esperado na geração de renda. A 99 projeta que, com a expansão de seu serviço de entregas, milhares de novos entregadores serão cadastrados na plataforma, ampliando a rede de trabalhadores autônomos que usam o aplicativo como fonte de renda principal ou complementar.
Além disso, estão previstas iniciativas voltadas ao bem-estar dos entregadores, como programas de benefícios, treinamentos, acesso a seguros e condições mais justas de trabalho. A empresa diz estar comprometida em construir uma relação mais transparente e equilibrada com esse público, que frequentemente é alvo de críticas por parte de especialistas e sindicatos do setor.
Perspectivas de longo prazo e cenário econômico
Em um contexto de desaceleração do consumo em algumas faixas de renda, mas com crescimento no uso de plataformas digitais, a 99 aposta que o mercado de delivery ainda tem muito espaço para crescer no Brasil. Com a mudança nos hábitos de consumo impulsionada pela pandemia e consolidada nos anos seguintes, a demanda por entregas rápidas e confiáveis segue alta — especialmente em regiões com menos acesso a grandes redes de varejo.
O investimento de R$ 2 bilhões marca, portanto, não apenas um passo ousado da 99 na disputa pelo setor, mas também sinaliza a confiança da empresa na retomada do crescimento econômico e no potencial de transformação digital do Brasil.
Conclusão
O anúncio do investimento bilionário da 99 no setor de delivery representa mais do que uma expansão de negócios: trata-se de uma movimentação estratégica que pode alterar profundamente o cenário competitivo das entregas no Brasil. Ao apostar em inclusão regional, tecnologia, novos serviços e melhores condições para parceiros e entregadores, a empresa busca não apenas participação de mercado, mas também relevância social e econômica.
Nos próximos anos, o sucesso desse plano dependerá da capacidade da empresa de equilibrar crescimento acelerado com qualidade de serviço, além de manter uma relação ética e sustentável com todos os agentes envolvidos. Se for bem executado, o projeto pode transformar a 99 em um dos principais nomes do ecossistema logístico brasileiro.