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Diante da investigação sobre irregularidades no INSS, ex-chefe da pasta reconhece erro técnico, mas refuta omissão deliberada

Durante uma das sessões mais aguardadas da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura possíveis falhas e irregularidades no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o ex-ministro responsável pela pasta da Previdência prestou depoimento diante dos parlamentares e reconheceu que podem ter ocorrido falhas operacionais em sua gestão. No entanto, foi enfático ao rejeitar qualquer acusação de negligência ou descaso institucional.

O depoimento, realizado sob forte expectativa política e midiática, girou em torno de episódios recentes envolvendo a demora na análise de benefícios previdenciários, problemas no sistema digital do órgão, suspeitas de fraudes em concessões, além de críticas sobre a falta de transparência nos dados públicos relacionados às filas do INSS.

Um depoimento aguardado em meio a crise administrativa

Logo no início da sessão, o ex-ministro assumiu que, em determinados momentos, a estrutura do INSS enfrentou sérias limitações técnicas e operacionais que impactaram diretamente o atendimento à população. Segundo ele, o aumento expressivo da demanda por benefícios, aliado à carência de servidores e à defasagem tecnológica do sistema, criou um ambiente de sobrecarga que poderia ter contribuído para erros pontuais.

Apesar disso, o ex-gestor deixou claro que sua equipe tomou medidas para mitigar os efeitos dessa crise, como a contratação temporária de funcionários, a ampliação do sistema digital de atendimento e a tentativa de descentralizar decisões administrativas. Ele ainda mencionou que várias propostas de modernização e reforço orçamentário foram encaminhadas ao governo central, embora muitas delas tenham esbarrado em limitações fiscais e entraves burocráticos.

Parlamentares divididos sobre o teor do depoimento

A audiência foi marcada por intensos questionamentos de deputados e senadores de diferentes partidos. Enquanto alguns membros da CPMI cobraram explicações mais contundentes sobre a origem de falhas e eventuais omissões administrativas, outros adotaram uma postura mais conciliadora, reconhecendo que os problemas enfrentados pelo INSS vêm de gestões anteriores e refletem questões estruturais.

Entre os temas mais sensíveis tratados na comissão estão as longas filas para análise de benefícios como aposentadoria por invalidez, auxílio-doença e Benefício de Prestação Continuada (BPC), além da dificuldade de acesso para segurados que vivem em regiões afastadas ou com pouca conectividade digital. Também foram discutidas as dificuldades dos peritos médicos em retomar o ritmo normal de atendimento após o período mais crítico da pandemia.

Reconhecimento de falhas técnicas, mas rejeição de culpa

Ao ser indagado sobre a possibilidade de ter havido negligência por parte do ministério, o ex-ministro foi enfático: “Não houve omissão. Houve esforço constante, embora, infelizmente, nem sempre com os resultados desejados.” Ele reconheceu que, mesmo com as medidas emergenciais adotadas, parte da população continuou desassistida, o que classificou como “uma frustração pessoal e administrativa”.

O ex-titular da pasta também fez questão de defender os servidores do INSS, afirmando que muitos deles atuam em condições precárias, com sobrecarga e sem os recursos adequados para atender a demanda crescente. Segundo ele, culpabilizar exclusivamente a gestão por todos os problemas do órgão seria “ignorar o histórico de sucateamento que a Previdência Social sofre há décadas”.

Desdobramentos políticos e institucionais

A CPMI segue com sua investigação e deve ouvir, nas próximas semanas, outros ex-dirigentes do INSS, além de técnicos, auditores e especialistas em políticas públicas de seguridade social. O objetivo central da comissão é apresentar um relatório final que traga recomendações concretas para a reformulação do modelo de atendimento e gestão do órgão, além de indicar possíveis responsabilizações por falhas administrativas.

A discussão também pode influenciar diretamente o debate sobre uma nova reforma administrativa, que está em tramitação no Congresso e propõe mudanças no funcionamento de órgãos públicos, incluindo critérios de contratação, metas de produtividade e digitalização de serviços.

A expectativa é que o relatório final da comissão não apenas exponha eventuais erros cometidos por gestões anteriores, mas também aponte caminhos viáveis para tornar o INSS mais eficiente, transparente e acessível aos milhões de brasileiros que dependem dele diariamente.

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