Esporte

Após revés contra a Bolívia, Raphinha aponta altitude como fator que prejudicou desempenho da Seleção Brasileira

A derrota da Seleção Brasileira para a Bolívia, em partida válida pelas Eliminatórias Sul-Americanas para a próxima Copa do Mundo, gerou uma série de reações e análises tanto dentro quanto fora de campo. Uma das declarações mais comentadas veio do atacante Raphinha, que atribuiu parte do desempenho abaixo do esperado às condições adversas da altitude boliviana, tradicionalmente conhecida como um dos maiores desafios enfrentados por seleções visitantes em La Paz.

O Brasil sofreu uma derrota que, embora não comprometa matematicamente sua classificação, deixou marcas importantes no ânimo da equipe e reabriu debates sobre a preparação da seleção em jogos disputados em cenários extremos. A altitude foi novamente colocada no centro das atenções.

Atuação apagada e dificuldades visíveis

A partida foi marcada por uma clara dificuldade do time brasileiro em impor seu ritmo habitual. Desde os primeiros minutos, os jogadores apresentaram sinais de desgaste, lentidão nas transições e menor intensidade nas disputas. O toque de bola foi menos preciso, e a criação ofensiva praticamente inexistiu durante grande parte do confronto.

Do outro lado, a Bolívia soube explorar bem as vantagens de jogar em casa. Com linhas bem posicionadas e transições rápidas, os bolivianos encontraram espaços para atacar e conseguiram balançar as redes em momentos cruciais da partida. A equipe anfitriã se aproveitou não apenas do ambiente, mas também de uma seleção brasileira visivelmente desconfortável em campo.

Declaração de Raphinha reacende debate sobre altitude

Logo após o apito final, Raphinha foi um dos poucos atletas brasileiros a falar com a imprensa. Em tom direto, o atacante comentou que a altitude foi um elemento determinante na queda de rendimento da equipe.

— “Sabemos que a altitude desfavorece a nossa seleção. A bola corre diferente, o ar é pesado e o desgaste vem muito mais rápido. Não é desculpa, mas é um fator que pesa bastante”, afirmou o jogador, visivelmente frustrado com o resultado.

A declaração de Raphinha não foi isolada. Outros membros da comissão técnica já haviam admitido anteriormente que as partidas em La Paz exigem uma preparação específica e não seguem o padrão de outros jogos no continente. A falta de tempo para adaptação — em parte por questões logísticas e também por calendário apertado — costuma ser apontada como um dos principais obstáculos.

Histórico brasileiro na altitude

Jogar em altitude sempre foi um desafio para o futebol brasileiro. Em La Paz, cidade localizada a mais de 3.600 metros acima do nível do mar, a Seleção já acumulou tropeços em outras campanhas. Ainda que o Brasil tenha vencido algumas vezes, também já saiu de lá com empates e derrotas inesperadas, mesmo com equipes tecnicamente superiores.

A dificuldade é fisiológica: o corpo humano não se adapta instantaneamente à baixa concentração de oxigênio, o que afeta diretamente o desempenho atlético. Cansaço precoce, falta de explosão muscular e dificuldade de recuperação são sintomas comuns relatados por atletas que jogam nessas condições sem aclimatação prévia.

Críticas à preparação e questionamentos internos

A fala de Raphinha, embora compreensível, gerou debates sobre o planejamento da comissão técnica. Parte da crítica da imprensa esportiva foi direcionada à logística da delegação brasileira, que optou por seguir protocolos tradicionais, com chegada próxima ao horário do jogo e sem tempo suficiente de aclimatação. A estratégia de minimizar o tempo de exposição à altitude, bastante utilizada por equipes visitantes, novamente demonstrou ser de eficácia limitada.

Alguns comentaristas esportivos também levantaram questionamentos sobre a falta de variação tática para lidar com um jogo claramente diferente do padrão sul-americano. A insistência em manter o estilo de posse e construção lenta acabou facilitando a marcação boliviana e expondo a lentidão do time brasileiro.

Reações na Bolívia e nas redes sociais

Do lado boliviano, a vitória foi celebrada com entusiasmo. A torcida local lotou o estádio Hernando Siles e vibrou com uma atuação segura da equipe, que mostrou personalidade e disciplina tática. A imprensa do país enalteceu o resultado como uma resposta às críticas e um marco de resistência em meio a um ciclo de reconstrução.

Nas redes sociais, a declaração de Raphinha dividiu opiniões. Parte da torcida entendeu o comentário como uma explicação válida, dada a conhecida dificuldade da altitude. Outros, no entanto, criticaram o que consideraram uma tentativa de justificar uma atuação tecnicamente fraca. Muitos cobraram mais preparo e comprometimento da equipe, independentemente das condições climáticas ou geográficas.

Impacto na campanha brasileira

Apesar da derrota, a Seleção Brasileira ainda mantém boas chances de se classificar para a Copa do Mundo, graças ao acúmulo de pontos em jogos anteriores. No entanto, o tropeço acende um sinal de alerta. Os resultados recentes indicam que há ajustes a serem feitos, especialmente no que diz respeito à preparação para partidas fora de casa.

A queda de rendimento em jogos mais exigentes, aliados à instabilidade tática e à falta de soluções diante de adversidades, tem preocupado tanto a comissão técnica quanto a torcida. O grupo segue pressionado por uma atuação mais convincente nas próximas rodadas.

Conclusão

A fala de Raphinha após a derrota para a Bolívia escancarou um problema crônico enfrentado por seleções sul-americanas: jogar em altitude continua sendo um obstáculo físico e estratégico para muitos elencos, inclusive o do Brasil. Apesar de não ser a única explicação para a atuação fraca da equipe, o fator geográfico exige atenção e planejamento mais aprofundado.

A derrota representa um revés pontual, mas com efeitos simbólicos importantes. A Seleção Brasileira, acostumada a dominar a região, precisa rever posturas e estratégias para não comprometer sua campanha e, principalmente, para resgatar a confiança da torcida. O caminho até a Copa continua, mas os sinais de alerta não podem mais ser ignorados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *