Economia

Um mês de tarifaço: exportações para os EUA despencam 18,5%, mas superávit da balança cresce

O primeiro balanço após um mês da entrada em vigor das tarifas impostas pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros mostrou o impacto direto no comércio exterior. As exportações para o mercado norte-americano caíram 18,5% no período, atingindo setores como siderurgia, alumínio, têxteis e calçados. Apesar disso, a balança comercial do Brasil registrou um superávit maior, sustentado pelo redirecionamento de vendas para outros países e pela queda nas importações.

Queda concentrada em setores estratégicos

O baque foi sentido principalmente em produtos industrializados. Empresas de aço e alumínio relatam que os embarques encolheram, já que a tarifa adicional tornou os itens brasileiros menos competitivos frente a fornecedores da Ásia e da própria indústria americana. O setor calçadista e o de vestuário também perderam espaço, enquanto algumas indústrias de máquinas e equipamentos adiaram contratos.

Redirecionamento e adaptação

Para compensar a perda de fôlego nos EUA, empresas buscaram alternativas em mercados como México, União Europeia, Oriente Médio e América Latina. O governo brasileiro, por meio do Itamaraty e do Ministério do Desenvolvimento, intensificou negociações para abrir portas em países asiáticos e acelerar acordos já em andamento. Ao mesmo tempo, companhias aproveitaram a demanda interna aquecida em setores como agronegócio e construção para realocar parte da produção.

Superávit em alta

Mesmo com a queda no envio de produtos aos EUA, o Brasil viu o superávit da balança comercial aumentar. Isso se deveu à combinação de três fatores: a redução na importação de bens de capital, o aumento das vendas de commodities — como soja, milho e carnes — para a China e outros mercados, e a desvalorização cambial, que favoreceu as exportações.

Setores em alerta

A situação, no entanto, gera preocupação. Indústrias que dependem fortemente do mercado norte-americano alertam que a queda nas encomendas pode levar a cortes de turnos e, em alguns casos, férias coletivas. Federações empresariais pedem ao governo linhas de crédito emergenciais e flexibilização de regras trabalhistas para evitar demissões em massa.

Governo aposta em reação

O Ministério da Fazenda argumenta que os efeitos negativos ainda estão sendo absorvidos, mas que o saldo positivo da balança mostra a resiliência da economia brasileira. Segundo técnicos da equipe econômica, o próximo passo é acelerar o Programa de Apoio ao Exportador, que prevê desburocratização de licenças, crédito subsidiado e estímulos fiscais temporários.

Se por um lado o tarifaço norte-americano acende o alerta sobre a dependência de um único parceiro comercial, por outro força o Brasil a diversificar seus destinos de exportação, algo que pode, no médio prazo, reduzir vulnerabilidades externas e abrir novas oportunidades para a indústria nacional.

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