Impacto digital: julgamento intensifica críticas a Bolsonaro, que lidera menções negativas nas redes sociais
O julgamento envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a colocar seu nome no centro do debate digital, gerando uma onda expressiva de manifestações nas redes sociais. Segundo levantamento da Datrix, empresa especializada em análise de dados e comportamento online, 43% das publicações sobre o tema tiveram teor crítico ou de ataque ao ex-mandatário, enquanto apenas 21% expressaram apoio ou defesa. O restante das menções se dividiu entre postagens neutras, informativas ou de tom ambíguo.
A movimentação intensa nos ambientes digitais revela o peso político e simbólico do julgamento, que não apenas mobilizou a imprensa e os atores institucionais, mas também incendiou os canais de opinião pública contemporânea: as redes sociais. Plataformas como X (antigo Twitter), Instagram, Facebook e TikTok se tornaram arenas de disputa narrativa, onde grupos pró e contra Bolsonaro se engajaram de maneira massiva, disputando corações, mentes e curtidas.
O aumento das críticas foi especialmente visível nas primeiras horas após o início da sessão de julgamento. Perfis de jornalistas, influenciadores políticos, veículos de imprensa e cidadãos comuns usaram hashtags e vídeos para comentar o processo, muitos dos quais viralizaram rapidamente. As críticas foram centradas não apenas nos atos do ex-presidente sob julgamento, mas também no histórico de confrontos com instituições democráticas e nas acusações que pairam sobre sua atuação durante e após o mandato.
A retórica de insatisfação foi fortalecida por um sentimento coletivo de que o julgamento representa um momento simbólico para a democracia brasileira. Publicações com alto engajamento reforçaram a necessidade de responsabilização política e jurídica por ações passadas, destacando a importância do respeito às instituições e à legalidade constitucional. Figuras da oposição também se pronunciaram, amplificando o alcance das críticas e inserindo o tema no debate político nacional.
Por outro lado, os 21% de menções favoráveis a Bolsonaro refletem a resiliência de seu eleitorado e a fidelidade de sua base de apoio nas redes. Esses usuários se posicionaram, em sua maioria, com argumentos que classificam o julgamento como perseguição política, tentativa de inviabilizar a volta do ex-presidente à disputa eleitoral ou manipulação institucional. Vários perfis, especialmente ligados ao bolsonarismo mais radical, promoveram campanhas virtuais com hashtags de apoio e convocação para atos em defesa do ex-presidente.
A análise também mostrou que os ataques e defesas se organizaram de forma altamente polarizada, com pouca interação entre os dois polos. A chamada “bolha digital” se manteve firme: cada grupo falando para seus próprios públicos, reforçando suas convicções e replicando conteúdos alinhados às suas visões de mundo. Esse comportamento confirma a tendência de segmentação da opinião pública no ambiente digital, onde algoritmos e preferências individuais moldam a exposição à informação.
Outro dado relevante do levantamento diz respeito ao volume total de postagens: o julgamento gerou uma explosão de menções, elevando significativamente a presença do nome de Bolsonaro nas redes sociais ao longo da semana. A alta exposição, no entanto, não resultou em ganhos de imagem — ao menos não no curto prazo. Os dados apontam que o saldo de sentimento (diferença entre menções positivas e negativas) foi amplamente desfavorável ao ex-presidente.
O contexto geral das postagens também mostrou um aumento de conteúdos irônicos, memes e sátiras direcionadas a Bolsonaro e seus aliados. Esse tipo de manifestação, apesar de não representar uma análise política profunda, tem alto poder de disseminação e influência, especialmente entre os públicos mais jovens e conectados. A viralização de conteúdos humorísticos pode contribuir para a formação de opiniões e consolidar percepções negativas de forma menos racional, porém duradoura.
Especialistas em comunicação política avaliam que o julgamento expôs mais uma vez a fragilidade de Bolsonaro no campo simbólico da narrativa pública. Embora ele mantenha força em setores significativos do eleitorado, sua imagem sofre desgaste contínuo diante de episódios que reacendem debates sobre legalidade, democracia e responsabilidade. O ambiente digital, por sua natureza dinâmica e sensível à conjuntura, tende a amplificar esse desgaste quando os fatos não jogam a seu favor.
Ainda assim, o ex-presidente continua sendo uma figura central no debate político nacional, capaz de mobilizar multidões — inclusive nas redes. Sua capacidade de gerar engajamento, mesmo quando é alvo de críticas, demonstra que sua influência está longe de ser irrelevante. O desafio, no entanto, será conter os danos à sua imagem pública caso os desdobramentos do julgamento avancem para sanções mais duras ou decisões judiciais desfavoráveis.
Em um cenário cada vez mais digitalizado, os dados da Datrix revelam não apenas o estado de ânimo da sociedade em relação ao julgamento, mas também a força das redes sociais como termômetro da política brasileira. O número expressivo de ataques, aliado à menor proporção de apoio, mostra que a narrativa em torno do ex-presidente passa por uma fase de tensão e disputa intensa — onde cada palavra, cada postagem e cada curtida podem ter peso nas batalhas que ainda estão por vir.