Haddad reage a Tarcísio e à anistia: “Acordei preocupado com a democracia”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a demonstrar preocupação com o cenário político brasileiro ao comentar declarações recentes do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e a articulação no Congresso em torno de uma possível anistia aos envolvidos em atos golpistas. Segundo ele, o debate ultrapassa a disputa partidária e coloca em risco a solidez das instituições.
O alerta do ministro
Em entrevista nesta sexta-feira, Haddad afirmou que “acordou preocupado com a democracia”, ao perceber que parte do discurso político vem tentando relativizar ataques ao processo eleitoral. Para o ministro, qualquer tentativa de anistiar os responsáveis por tramas golpistas significaria fragilizar a confiança nas regras do jogo democrático.
“Não podemos naturalizar o que aconteceu. Se o país passar a conviver com a ideia de que quem atenta contra as instituições pode ser perdoado em nome da conveniência política, abriremos um precedente gravíssimo”, disse Haddad.
Relação com Tarcísio
O comentário também foi direcionado a declarações recentes de Tarcísio de Freitas, que defendeu maior ponderação sobre punições e tentou se distanciar de setores mais radicais da direita, sem, no entanto, condenar de forma enfática os envolvidos nos atos golpistas. Para Haddad, esse tipo de postura gera ambiguidade e pode ser interpretada como sinal verde para novos ataques.
Democracia no centro do debate
O ministro ressaltou que o governo está empenhado em avançar em medidas econômicas, mas que a estabilidade política é condição para o crescimento. “O investidor precisa acreditar que o Brasil respeita contratos e instituições. Sem democracia sólida, não há ambiente para investimento, geração de emprego e renda”, reforçou.
Impacto político
As falas de Haddad aumentam a temperatura no debate em Brasília, especialmente no momento em que o Congresso avalia projetos que poderiam atenuar punições ou mudar o foco das investigações. A fala também mostra como o tema da defesa da democracia continua sendo uma das bandeiras centrais do governo Lula.
Próximos passos
Enquanto o STF segue julgando militares, empresários e políticos acusados de participação nos atos, o Executivo pressiona para que o Legislativo não avance em propostas de anistia. A posição de Haddad ecoa a de outros ministros próximos a Lula e sinaliza que o governo não pretende recuar no discurso de responsabilização ampla dos envolvidos.