PIB segue em alta, mas com ritmo menor; mercado de trabalho deve resistir
A economia brasileira começa a dar sinais claros de desaceleração, mas ainda mantém trajetória positiva. Os dados mais recentes apontam que o PIB segue crescendo, embora em ritmo menos acelerado do que no início do ano, resultado de uma combinação de fatores internos e externos que afetam tanto o consumo quanto os investimentos.
O setor de serviços, que tem sido o grande motor da atividade nos últimos anos, mostra perda de fôlego. A expansão segue, mas em patamares mais modestos, reflexo do crédito mais caro, da inflação que ainda pressiona determinados itens e da cautela das famílias. Na indústria, o cenário é de estagnação em vários segmentos, principalmente aqueles voltados à exportação, que sofrem com o impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos e com a volatilidade do comércio internacional.
Por outro lado, a agropecuária continua a sustentar parte do crescimento, beneficiada por uma safra ainda robusta e pela demanda externa por grãos e proteínas. Especialistas avaliam, no entanto, que o desempenho do setor deve perder intensidade no segundo semestre, especialmente em razão das condições climáticas e da base de comparação mais elevada.
Mesmo com esse ambiente menos dinâmico, o mercado de trabalho deve resistir, sustentado por dois fatores principais: a recuperação do investimento público em obras de infraestrutura e a expansão de setores de serviços de menor valor agregado, que demandam grande número de trabalhadores. O nível de ocupação deve permanecer relativamente estável, ainda que o ritmo de criação de vagas seja menor do que nos meses anteriores.
No campo da política monetária, a expectativa é de que a desaceleração da economia abra espaço para o Banco Central adotar cortes graduais na taxa de juros. Essa medida ajudaria a aliviar custos financeiros das empresas, estimular novos investimentos e dar algum fôlego ao consumo das famílias. Contudo, a autoridade monetária tem reiterado que qualquer movimento dependerá do comportamento da inflação, que segue no radar.
Assim, o cenário que se desenha é de um crescimento mais moderado, porém ainda positivo, em contraste com previsões mais pessimistas feitas no início do ano. Para os especialistas, a resiliência do emprego será fundamental para sustentar a confiança da população e evitar uma desaceleração mais brusca da atividade econômica.