Presidente da CPMI do INSS defende isenção e alerta contra antagonismos
O início dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS vem sendo acompanhado por disputas políticas e acusações cruzadas entre governo e oposição. Diante desse cenário, o presidente da comissão fez um apelo público para que os debates se concentrem em resultados concretos e não sejam contaminados por antagonismos ideológicos.
Segundo ele, a responsabilidade da CPMI é dar respostas à população sobre as graves denúncias de fraudes, desvios e irregularidades no sistema previdenciário, que envolvem desde a concessão indevida de benefícios até a atuação de quadrilhas especializadas em enganar aposentados e pensionistas. “Essa comissão não pode se transformar em palanque político. Precisamos preservar o foco na investigação, com transparência e equilíbrio, sem permitir que disputas eleitorais ou rivalidades partidárias interfiram no andamento dos trabalhos”, afirmou.
Ambiente de tensão política
A fala ocorre em um momento em que parlamentares de diferentes blocos tentam transformar a CPMI em espaço de confronto. De um lado, aliados do governo buscam minimizar as acusações de falhas institucionais. De outro, opositores tentam usar o colegiado para desgastar a base governista. Essa polarização ameaça atrasar o cronograma de oitivas, pedidos de informação e quebras de sigilo que podem ser fundamentais para rastrear quem se beneficiou das fraudes e quais agentes públicos foram omissos.
Alvos da investigação
A comissão já recebeu relatórios preliminares apontando indícios de benefícios fraudulentos que somam bilhões de reais. Estão sob suspeita desde servidores públicos que facilitaram a concessão irregular de aposentadorias até escritórios de advocacia e atravessadores que cobravam comissões para agilizar processos. Há ainda denúncias de uso de dados falsos em cadastros e da atuação de empresas de fachada especializadas em explorar brechas no sistema.
Compromisso com o resultado
Para o presidente da CPMI, o maior risco é que a investigação seja vista pela sociedade como apenas mais uma disputa política sem desfecho prático. Ele enfatizou que os parlamentares têm a obrigação de entregar um relatório robusto, com recomendações que possam ser aplicadas pelo governo e pelo Congresso, fortalecendo os mecanismos de controle e proteção do INSS.
“Milhões de brasileiros dependem do sistema previdenciário para sobreviver. Essa não é uma pauta de direita ou de esquerda, é uma pauta social. Se permitirmos que o antagonismo político contamine as decisões, vamos perder a chance de corrigir um problema que há anos mina a credibilidade do INSS e prejudica os mais vulneráveis”, disse.
O desafio da neutralidade
Especialistas lembram que, historicamente, CPIs e CPMIs costumam sofrer pressões externas e internas, muitas vezes servindo de palco para disputas eleitorais. O desafio, agora, é transformar esse espaço em uma oportunidade real de reformar práticas falhas e coibir esquemas que drenam recursos públicos. A manutenção da neutralidade, como pediu o presidente, será determinante para que o trabalho final da comissão seja visto como técnico, justo e efetivo, e não como mais um capítulo da guerra política em Brasília.