Politica

Grupo próximo a Geraldo Alckmin aposta em ascensão política do vice-presidente e projeta protagonismo nas eleições de 2026

Em meio às movimentações que já esboçam o tabuleiro político para as eleições presidenciais de 2026, aliados do vice-presidente Geraldo Alckmin vêm fortalecendo a tese de que ele desponta como uma das principais figuras capazes de liderar uma eventual sucessão à frente do Executivo federal. Discreto, mas estrategicamente posicionado dentro do governo, Alckmin tem conquistado espaço e respeito em diversos setores políticos e econômicos, alimentando a percepção de que poderá assumir um papel de protagonismo no próximo ciclo eleitoral.

Atualmente ocupando, além da vice-presidência da República, o comando do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Alckmin tem se destacado por sua atuação técnica e pela postura de equilíbrio, especialmente em um ambiente político marcado por polarizações ideológicas e disputas internas entre alas da própria base governista. Seu perfil moderado, conciliador e experiente tem sido valorizado como um diferencial dentro e fora do governo.

Aliados próximos apontam que Alckmin vem fortalecendo sua imagem junto a setores empresariais, industriais, agrícolas e a parlamentares de centro que têm demonstrado crescente desconforto com os extremos da política nacional. Esses segmentos veem nele uma figura capaz de unir diferentes correntes e promover um discurso mais pragmático, voltado à estabilidade econômica e à previsibilidade institucional — características cada vez mais raras no atual cenário brasileiro.

Além disso, seu histórico como governador de São Paulo por quatro mandatos, sua experiência administrativa consolidada e a boa interlocução com diversas correntes políticas contribuem para a percepção de que ele está apto a desempenhar funções mais amplas no governo e, eventualmente, liderar uma chapa presidencial em 2026. A presença de Alckmin na chapa de 2022 já foi vista por muitos como uma jogada estratégica para ampliar o espectro de apoio ao presidente Lula, especialmente entre setores do centro político e do eleitorado mais moderado.

Com Lula indicando que poderá não concorrer à reeleição, a discussão sobre a sucessão dentro do campo governista ganha força, e o nome de Alckmin aparece com frequência em rodas políticas. Ainda que o próprio vice-presidente evite qualquer declaração sobre o tema, interlocutores próximos a ele garantem que há um movimento crescente, embora silencioso, de construção de uma possível candidatura.

No campo simbólico, Alckmin representa um político de formação clássica, defensor de valores institucionais, com discurso centrado em desenvolvimento econômico sustentável, abertura comercial, responsabilidade fiscal e defesa do diálogo entre Poderes. Seu perfil agrada a setores que buscam uma alternativa ao embate direto entre o bolsonarismo e o petismo, vendo nele a possibilidade de uma candidatura que transcenda a lógica da polarização.

No entanto, há desafios importantes pela frente. Alckmin precisará consolidar uma base de apoio consistente, que vá além da confiança do presidente Lula e de sua inserção técnica no governo. Para alçar voo próprio rumo ao Planalto, ele terá que convencer partidos, conquistar apoio popular e superar eventuais resistências dentro do próprio PT, que ainda não indicou se apoiaria uma candidatura fora do partido em uma nova disputa presidencial.

Além disso, é inevitável que o cenário político de 2026 traga consigo nomes competitivos à direita, especialmente se Jair Bolsonaro continuar inelegível e seu campo político decidir lançar um novo nome à presidência. Tarcísio de Freitas, por exemplo, já é citado como uma possível figura de destaque na oposição. Nomes do centro e da centro-esquerda também deverão emergir, o que tornaria o caminho até uma candidatura viável ainda mais estreito.

Outro ponto de atenção é a construção da imagem pública de Alckmin como possível líder nacional. Apesar de sua longa trajetória política e do reconhecimento em São Paulo, ele ainda carece de uma narrativa nacional forte que dialogue com o eleitorado de diferentes regiões do país. A missão de se apresentar como um presidenciável dependerá, em grande parte, de sua atuação nos próximos dois anos — tanto como ministro quanto como articulador político dentro do governo.

Ainda assim, os aliados seguem confiantes. Avaliam que, caso Lula decida não concorrer, Alckmin reúne os predicados para se apresentar como um nome de equilíbrio, com capacidade de unir parte da esquerda moderada, o centro político e setores da direita econômica. A expectativa é de que, ao manter seu desempenho estável no MDIC e ampliar sua presença pública em agendas relevantes, ele fortaleça sua posição gradualmente até se tornar uma opção concreta para 2026.

A política, no entanto, é dinâmica, e o cenário pode mudar rapidamente. Até lá, o vice-presidente continuará a caminhar com cautela, evitando gestos precipitados, mas ciente de que seu nome está cada vez mais presente nas discussões sobre o futuro da liderança nacional.

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