Economia

Tarifaço nos EUA derruba exportações e obriga empresas brasileiras a adotarem férias coletivas

A imposição de sobretaxas de 50% sobre diversos produtos brasileiros pelos Estados Unidos provocou uma drástica queda nas exportações, levando empresas de setores como madeira, calçados e armamentos a recorrerem a medidas emergenciais — entre elas, férias coletivas.

Setores mais impactados e respostas imediatas

  • Indústria da madeira: Empresas do setor — responsáveis por compensados, pisos, molduras e outros produtos — viram contratos congelados ou rescindidos e acumularam estoques sem saída. A Millpar, por exemplo, precisou suspender as atividades em uma de suas unidades e transferir operações para outra filial, enquanto declarou que a estratégia foi adotada para preservar empregos.
  • Setor de calçados: Indicou que já antecipou férias coletivas aos funcionários como forma de reduzir custos immediatamente. Sem abertura do mercado nos EUA, esses ajustes emergenciais se intensificaram.
  • Segmento de armamentos: A Polimetal (fornecedora da Taurus) colocou boa parte de seus funcionários em férias coletivas, enquanto a Taurus anunciou transferência parcial da produção para os EUA na tentativa de amenizar os impactos das tarifas.

Por que recorrer às férias coletivas?

Essa alternativa temporária permite às empresas:

  1. Reduzir custos sem recorrer imediatamente à demissão, preservando parte do quadro funcional.
  2. Adiar o pagamento de férias — que, se não gozada, precisa ser paga na rescisão, onerando ainda mais o caixa.

E o que vem depois?

Ainda que as férias coletivas tenham sido a primeira saída, setores já identificam que, na ausência de reversão das tarifas ou sem a abertura de novos mercados, a próxima etapa poderá envolver demissões, PDVs (Programas de Demissão Voluntária), negociações com sindicatos, uso de banco de horas ou antecipação de feriados.

Cenário crítico

A situação evidencia o elevado grau de vulnerabilidade das cadeias exportadoras brasileiras frente a choques externos súbitos. A paralisação de contratos, a pressão por liquidação de estoques e os altos custos trabalhistas se combinam para criar um cenário de instabilidade, com risco real de retração econômica e perda de competitividade.

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