Fabricante finlandesa leva estúdio de Hollywood à Justiça por uso indevido de tecnologias de transmissão digital
A Nokia, gigante finlandesa do setor de telecomunicações, entrou com uma ação judicial contra o grupo de entretenimento norte-americano Paramount Global, acusando a empresa de violação de patentes relacionadas a tecnologias utilizadas no streaming de vídeo. O processo foi registrado nos Estados Unidos e marca mais um capítulo na crescente disputa por propriedade intelectual no ambiente digital, especialmente envolvendo empresas que operam plataformas de distribuição de conteúdo audiovisual.
Segundo informações reveladas por representantes da Nokia, a Paramount teria utilizado tecnologias patenteadas pela empresa europeia em seus serviços de streaming sem a devida autorização ou pagamento de licenças. As patentes em questão estão ligadas a métodos de compressão de vídeo, distribuição de dados em rede e otimização de transmissão em ambientes de alta demanda — recursos essenciais para o funcionamento eficiente de plataformas como a Paramount+.
A ação judicial sustenta que, apesar de diversas tentativas de negociação ao longo dos últimos anos, a Paramount teria se recusado a assinar acordos de licenciamento com a Nokia, mesmo após ter sido formalmente notificada sobre o uso de suas inovações tecnológicas. A fabricante europeia alega que procurou resolver o impasse de forma amigável, mas decidiu recorrer ao Judiciário diante da ausência de resposta concreta da parte adversária.
“A Nokia investe continuamente em pesquisa e desenvolvimento para criar tecnologias que sustentam a infraestrutura moderna de comunicação. A proteção de nossas patentes é essencial para garantir a continuidade desse trabalho”, afirmou uma fonte ligada à companhia. O processo pede indenização pelo uso não autorizado das tecnologias, bem como medidas judiciais que possam impedir o uso futuro sem o devido licenciamento.
A Paramount, até o momento, não emitiu um posicionamento oficial sobre a ação. A empresa opera uma das maiores plataformas de streaming do mercado norte-americano e vem expandindo sua atuação internacional nos últimos anos. Assim como outros grandes estúdios, a companhia tem investido fortemente em distribuição digital, com crescente dependência de tecnologias que garantem estabilidade, qualidade de imagem e experiência de usuário em larga escala.
O caso chama a atenção por envolver duas empresas de setores distintos — telecomunicações e entretenimento —, mas que se cruzam cada vez mais no cenário digital contemporâneo. A tecnologia de transmissão de dados em alta velocidade, o armazenamento em nuvem e os algoritmos de compressão são parte integrante do ecossistema de streaming, e frequentemente dependem de patentes originalmente desenvolvidas por empresas de tecnologia e infraestrutura.
Especialistas em propriedade intelectual observam que esse tipo de litígio tem se tornado mais comum, à medida que a convergência digital aproxima empresas com perfis diferentes, mas que utilizam os mesmos recursos técnicos. As disputas por royalties de patentes essenciais (conhecidas como SEP — standard essential patents) tornaram-se recorrentes, e o sucesso de uma ação judicial pode representar tanto compensações bilionárias quanto pressões por acordos fora dos tribunais.
A Nokia, por sua vez, não é novata nesse tipo de processo. Nos últimos anos, a empresa tem reforçado sua estratégia de monetização de seu extenso portfólio de patentes, que cobre áreas como redes móveis, protocolos de comunicação, codecs de vídeo e plataformas digitais. Com a redução da participação da empresa no mercado de aparelhos celulares, sua atuação no setor de licenciamento ganhou protagonismo, tornando-se uma importante fonte de receita.
A expectativa agora é que o caso avance no sistema judicial norte-americano, com audiências e, possivelmente, tentativas de acordo extrajudicial. Dependendo da decisão, o resultado poderá influenciar outras disputas semelhantes envolvendo gigantes do entretenimento digital e detentores de tecnologias essenciais ao funcionamento das plataformas.
Enquanto isso, o mercado observa com atenção os desdobramentos. A ação da Nokia contra a Paramount pode estabelecer novos precedentes sobre como os direitos de propriedade intelectual serão tratados na era do streaming — onde a fronteira entre conteúdo e tecnologia torna-se cada vez mais difusa e disputada.