Presidente do BNDES afirma que banco está preparado para apoiar companhias impactadas por aumentos tarifários
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, declarou nesta semana que a instituição financeira está pronta para oferecer suporte às empresas brasileiras que sofrerem os efeitos do recente aumento de tarifas, conhecido popularmente como “tarifaço”. A fala foi feita em meio à preocupação crescente de diversos setores produtivos com os impactos do encarecimento de custos operacionais, especialmente no contexto de um ambiente macroeconômico ainda em recuperação.
Segundo Mercadante, o banco de fomento já vem monitorando os setores mais afetados pelas medidas tarifárias e trabalha em soluções que possam garantir liquidez, crédito acessível e linhas especiais de financiamento para preservar o funcionamento das empresas, evitar demissões em massa e proteger cadeias produtivas estratégicas.
Suporte emergencial para setores mais sensíveis
De acordo com o presidente do BNDES, o banco está em contato com entidades representativas da indústria, do comércio e do agronegócio para mapear com precisão os segmentos mais expostos aos impactos do aumento nas tarifas, sobretudo as que envolvem energia, transporte, insumos industriais e serviços básicos.
Mercadante destacou que o apoio emergencial poderá incluir linhas de crédito com taxas diferenciadas, prazos alongados, carência estendida e foco na reestruturação de passivos. O objetivo é evitar que o choque de preços comprometa a saúde financeira de empresas de médio e grande porte, mas também de micro e pequenos negócios, considerados os mais vulneráveis em momentos de forte elevação de custos.
BNDES quer evitar ruptura produtiva e preservar empregos
A estratégia do banco também inclui medidas voltadas à manutenção da atividade econômica e à preservação de postos de trabalho. Mercadante enfatizou que a missão do BNDES vai além do financiamento de longo prazo para grandes projetos de infraestrutura. Em momentos de crise ou de pressão econômica repentina, o banco deve atuar como instrumento anticíclico do Estado, oferecendo suporte para evitar a paralisia de setores inteiros da economia.
Com esse foco, o banco busca agir de forma preventiva, oferecendo condições para que empresas continuem operando mesmo em um cenário adverso. O impacto do tarifaço, se não for administrado com rapidez, pode gerar efeitos em cadeia, desde aumento de preços ao consumidor até fechamento de fábricas e retração de investimentos privados.
Instrumentos de crédito podem ser ajustados para atender à nova realidade
Entre as medidas que podem ser adotadas estão a reabertura de linhas já existentes com ajustes de parâmetros, como o Programa BNDES Crédito Pequenas Empresas e o BNDES Giro, além da criação de instrumentos temporários voltados a setores específicos que enfrentem desequilíbrios graves de caixa por conta do aumento de tarifas.
Mercadante também citou a possibilidade de parcerias com bancos comerciais e agências de fomento estaduais para agilizar a chegada dos recursos aos empresários, evitando burocracias e atrasos em um momento de alta sensibilidade econômica.
Cenário econômico e reação do setor produtivo
O recente aumento de tarifas em áreas como energia elétrica, combustíveis e transporte vem gerando críticas por parte de entidades empresariais e especialistas do setor. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por exemplo, já manifestou preocupação com os impactos sobre a competitividade das empresas brasileiras, especialmente aquelas que operam em segmentos com margens reduzidas e forte concorrência internacional.
Além disso, economistas apontam que o tarifaço pode ter reflexos sobre a inflação nos próximos trimestres, afetando a demanda interna e exigindo novas medidas de compensação do governo para conter os danos à atividade econômica.
Diante desse cenário, a sinalização de Mercadante foi vista como uma resposta necessária do Estado para suavizar os efeitos negativos e assegurar que o crescimento recente da economia brasileira não seja revertido por uma deterioração repentina das condições operacionais das empresas.
Histórico de atuação do BNDES em momentos de crise
O BNDES já desempenhou papel semelhante em momentos anteriores de tensão econômica. Durante a crise de 2008, o banco lançou programas emergenciais para sustentar a liquidez do setor produtivo. O mesmo ocorreu durante a pandemia de Covid-19, quando foram disponibilizadas linhas especiais para folha de pagamento, capital de giro e renegociação de dívidas.
Agora, o desafio é adaptar esses instrumentos a um cenário diferente, onde a origem da pressão não está em uma recessão global ou uma emergência sanitária, mas em medidas domésticas que impactam os custos empresariais. Mercadante reforça que o banco está preparado para essa transição e que o foco será proteger a capacidade produtiva instalada no país.
Conclusão: BNDES assume papel central na mitigação dos impactos do tarifaço
Com a elevação repentina de tarifas pressionando os custos das empresas brasileiras, o BNDES se posiciona como uma peça-chave na contenção dos danos econômicos que podem advir desse movimento. A disposição declarada por Aloizio Mercadante de oferecer crédito facilitado, suporte emergencial e articulação com o setor privado reforça a função do banco como instrumento de política econômica voltado ao desenvolvimento sustentável e à estabilidade produtiva.
As próximas semanas serão decisivas para a definição dos parâmetros dessas medidas. A depender do alcance do tarifaço e da agilidade do governo em oferecer respostas coordenadas, o país poderá evitar uma desaceleração mais ampla da economia e manter a trajetória de recuperação em curso.