Economia

Estudo aponta que brasileiros destinam mais de 70% da renda mensal ao pagamento de dívidas e despesas fixas

Levantamento divulgado pela Serasa Experian revelou que a população brasileira está com um alto nível de comprometimento financeiro: cerca de 70,5% da renda mensal dos consumidores está direcionada ao pagamento de contas, dívidas e outras despesas obrigatórias. O número reflete a crescente pressão sobre o orçamento familiar e a dificuldade enfrentada por milhões de brasileiros para manter a estabilidade financeira diante de um cenário de juros altos e inflação persistente.

O estudo mostra que, com mais de dois terços da renda comprometida, sobra pouco espaço para consumo, investimentos ou mesmo formação de reserva de emergência. Esse grau de comprometimento é um indicativo direto do endividamento elevado que assola grande parte das famílias no país — situação que já vinha sendo monitorada nos últimos anos, mas que se agravou com a combinação de crise econômica, aumento do custo de vida e estagnação dos salários.

As principais categorias responsáveis por consumir a renda dos brasileiros incluem financiamentos, dívidas no cartão de crédito, empréstimos pessoais, contas de consumo (como energia, água e internet), além de parcelas de bens adquiridos a prazo. O cartão de crédito, em especial, é apontado como um dos grandes vilões, devido aos juros altos aplicados em caso de atraso ou parcelamento da fatura.

De acordo com especialistas, esse nível de comprometimento é alarmante porque limita a capacidade de reação das famílias diante de imprevistos. Situações como demissão, emergências de saúde ou aumento de despesas inesperadas podem levar rapidamente ao inadimplemento. O resultado disso é o crescimento no número de negativados, que, segundo a própria Serasa, já ultrapassa os 71 milhões de brasileiros.

O estudo também sugere que o comprometimento excessivo da renda tem impacto direto no comportamento do consumidor. Com o orçamento cada vez mais apertado, muitas famílias reduzem o consumo de itens não essenciais, adiam compras planejadas e deixam de investir em educação, lazer ou bens duráveis. Isso acaba afetando setores da economia que dependem do consumo doméstico para manter o crescimento.

A Serasa Experian alerta ainda para a importância da educação financeira como ferramenta essencial para ajudar os consumidores a reorganizar suas finanças. Entre as orientações mais comuns estão: renegociação de dívidas, priorização de pagamentos essenciais, planejamento de gastos fixos e revisão dos hábitos de consumo. Também é sugerido que os consumidores busquem formas de aumentar a renda, como trabalho extra ou alternativas empreendedoras.

A expectativa de melhora no cenário depende de diversos fatores, como eventual queda dos juros básicos da economia, políticas públicas de estímulo à renda e geração de empregos mais qualificados. Enquanto isso, o dado de 70,5% de comprometimento da renda é um retrato fiel das dificuldades enfrentadas diariamente por boa parte da população, que vive no limite entre o pagamento das contas e o risco da inadimplência.

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