Cid opta por ausência em julgamento de plano golpista para preservar outros acusados
O tenente-coronel Mauro Cid decidiu não comparecer ao julgamento relacionado ao suposto plano de golpe de Estado, justificando sua ausência como uma forma de evitar possíveis impactos sobre os demais réus envolvidos no processo. A escolha foi interpretada como uma estratégia calculada, refletindo não apenas sua posição no processo, mas também as possíveis repercussões de seu depoimento diante das outras partes citadas na investigação.
Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, figura como um dos principais delatores no inquérito que investiga articulações para subverter o resultado das eleições presidenciais. Sua colaboração com as autoridades foi decisiva para o avanço das investigações, e seu nome se tornou central nas apurações que envolvem militares, ex-integrantes do governo e aliados políticos.
A decisão de não comparecer ao julgamento, segundo fontes próximas, tem como objetivo evitar constrangimentos e proteger os direitos de defesa dos demais acusados, muitos dos quais podem ser citados em seus relatos. Embora esteja colaborando com a Justiça, Cid indicou que sua presença física na sessão poderia ser interpretada como um fator de pressão ou influência indevida sobre o andamento do julgamento.
Especialistas em direito penal avaliam que a ausência de um delator em determinadas etapas processuais pode ser estratégica, especialmente quando há o risco de confrontos diretos com co-réus ou sobreposição de versões dos fatos. O receio de gerar reações adversas no plenário e nas defesas dos demais envolvidos também pesa na decisão.
Ainda assim, sua colaboração segue ativa por meio de depoimentos anteriores já prestados, documentos entregues e outras provas que permanecem à disposição do Ministério Público e do Judiciário. Cid, que firmou acordo de delação premiada com as autoridades, comprometeu-se a fornecer informações detalhadas em troca de possíveis benefícios penais, como redução de pena.
A repercussão da decisão foi imediata nos meios jurídicos e políticos, uma vez que o julgamento sobre o plano golpista é considerado um dos mais sensíveis no contexto pós-eleitoral brasileiro. O caso envolve questões institucionais, condutas militares, articulações de bastidores e possíveis violações à Constituição.
Com a ausência de Cid, o julgamento prossegue com base nos demais elementos já reunidos pelo processo. O Judiciário seguirá analisando provas documentais, escutas, comunicações interceptadas e depoimentos de outros envolvidos, sem prejuízo do andamento regular do caso.
Em suma, a decisão de Mauro Cid de não comparecer ao julgamento reflete uma estratégia jurídica orientada à preservação da ordem processual e à mitigação de eventuais efeitos colaterais sobre os demais réus. Ainda que ausente fisicamente, seu papel no processo continua sendo relevante para o esclarecimento dos fatos investigados.