Economia

Usinas de etanol intensificam uso do milho para acelerar expansão da produção no Brasil

O setor de biocombustíveis no Brasil está se transformando. O etanol de milho, que já apresenta forte crescimento, agora é peça-chave na estratégia das usinas para ampliar a produção nacional, até então dominada pela cana-de-açúcar.

Crescimento e potencial ainda disponível

A safra de milho no país deve bater recorde, com cerca de 137 milhões de toneladas previstas — uma oferta que permite expandir a produção de etanol sem afetar o abastecimento alimentar. No momento, apenas 20 milhões de toneladas do cereal são usadas para etanol, contra 80 milhões voltadas ao consumo interno. Esse cenário favorece a utilização eficiente da terra, especialmente com tecnologias agronômicas que aumentam a produtividade sem pressionar o uso agrícola.

Expansão de usinas e investimentos bilionários

O etanol de milho já representa cerca de 25% de todo o etanol produzido no Brasil. A produção da safra 2024/25 atingiu algo em torno de 8 bilhões de litros, um salto de mais de 30% em relação ao ciclo anterior, com expectativa de chegar a 10 bilhões de litros ainda em 2025. Para conseguir isso, o setor conta com um horizonte de investimentos estimado em R$ 40 bilhões, destinados à construção de novas usinas, expansão da capacidade atual e fortalecimento da infraestrutura de armazenamento e logística.

Atualmente, o Brasil soma mais de 20 usinas ativas que produzem etanol de milho, concentradas principalmente em estados como Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. A recente inauguração de unidades full — que usam apenas milho — complementa as usinas flex, que alternam entre cana e milho conforme a safra.

Benefícios ambientais e econômicos

O etanol de milho traz vantagens claras: permite maior eficiência logística, especialmente em regiões fora do cinturão da cana, e promove uma produção contínua durante o ano todo. Além disso, gera subprodutos valiosos como o DDG — um farelo proteico altamente nutritivo utilizado na alimentação animal —, reduzindo custos na cadeia pecuária e contribuindo para a sustentabilidade do setor.

Especialistas destacam que esse modelo de produção promove sinergia entre energia renovável e segurança alimentar, sem impactar o cultivo de alimentos. A abundância do milho de safrinha e investimentos em tecnologia agroindustrial criam condições para uma oferta mais robusta e integrada.

O cenário à frente

Com infraestrutura em expansão, oferta hídrica e agrícola favorável e demanda mundial por biocombustíveis mais sustentáveis, o etanol de milho tem tudo para consolidar seu papel no Brasil. A combinação entre inovação tecnológica, políticas públicas alinhadas e atratividade econômica forma uma base sólida para o crescimento sustentável do setor.

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