Economia

Inteligência artificial revoluciona advocacia, mas deixa lacunas no mercado

A inteligência artificial (IA) transformou profundamente o trabalho jurídico no Brasil, elevando a eficiência dos escritórios e impulsionando escritórios que souberam se antecipar a se tornarem referências em uso de tecnologia. No entanto, essa revolução também tem deixado profissionais para trás, exigindo mudanças na formação e no perfil da advocacia.

Automação e produtividade em alta

Escritórios que adotaram IA como ferramenta estratégica registraram ganhos expressivos de produtividade, especialmente na análise de documentos, triagem de processos, elaboração de contratos e identificação de jurisprudência relevante. A tecnologia permite processar volumes gigantescos de informações em minutos — algo que demandaria dias ou até semanas no modelo tradicional. Ferramentas de IA leem decisões judiciais, analisam padrões de estratégia e sugerem argumentos, liberando os advogados para se concentrarem na formulação de teses e na interlocução com clientes.

Sobram vantagens, faltam oportunidades

Apesar dos benefícios na qualidade e na rapidez do trabalho, o uso disseminado de IA tem reduzido drasticamente as vagas para trabalhos mais repetitivos, tradicionais “portas de entrada” para iniciantes. Atividades antes delegadas a estagiários ou advogados juniores estão sendo automatizadas, especialmente em casos de contencioso de massa. Isso muda o caminho tradicional de ascensão na carreira jurídica.

A nova advocacia exige mais que conhecimento técnico

O advogado moderno precisa, além de entender do Direito, dominar tecnologia, estratégia e relacionamento com o cliente. Cursos de Direito, como os da FGV, já começaram a incluir disciplinas sobre uso ético e técnico da IA desde o primeiro ano. Profissionais que se adaptam a essa nova realidade — assumindo funções estratégicas, humanizadas e contextualizadas — ganham vantagem competitiva e relevância no mercado.

Novas oportunidades, novas frentes de atuação

Enquanto empregos tradicionais desaparecem, surgem novas especializações: jurídicos de compliance em IA, especialistas em proteção de dados, analistas de ética digital e consultores de legaltechs. Legaltechs brasileiras como DeltaAI e Legalcloud contribuem com tecnologia para triagem de também para prevenção de riscos e automação de processos, transformando o modelo jurídico baseado na reação em algo mais proativo e eficiente.

Conclusão

A IA está, de fato, redefinindo a rotina dos advogados — oferecendo velocidade, precisão e escalabilidade. Mas essa revolução também fecha portas ao modelo tradicional de trabalho jurídico. O futuro exigirá advogados que saibam usar tecnologia com discernimento, aplicá-la de forma ética e assertiva, e manter a sensibilidade no atendimento e na argumentação jurídica. Quem investir nessa transição sairá na frente — e quem insistir em seguir como antes pode ficar para trás.

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