Economia

Presidente redesenha estrutura do Fundo de Apoio às Exportações como medida de escudo econômico contra alta tarifária

Diante da pressão crescente causada pelo aumento expressivo de tarifas em setores estratégicos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu reformular o Fundo de Apoio às Exportações (Fundo de Exportação), como parte de um esforço coordenado para proteger empresas brasileiras, especialmente as voltadas ao comércio exterior, dos efeitos do chamado tarifaço. A medida integra o plano emergencial de reação à escalada nos custos operacionais que tem comprometido a competitividade da produção nacional.

A reformulação do fundo, que tradicionalmente serve como instrumento de compensação aos estados exportadores pela perda de arrecadação com a desoneração de produtos destinados ao exterior, agora ganha nova roupagem: passa a incorporar mecanismos voltados diretamente à sustentação financeira de empresas impactadas pelo aumento nos preços de energia, transporte e insumos industriais. A ideia central é transformar o fundo em uma ferramenta mais ágil, funcional e ajustada à realidade atual do setor produtivo.

De acordo com técnicos do Ministério da Fazenda e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a reformulação inclui uma ampliação do escopo do fundo, permitindo que ele financie medidas de mitigação de custos, como subsídios logísticos, apoio à inovação em processos industriais e linhas de compensação para variações abruptas de custos operacionais causadas por choques tarifários.

O novo modelo também prevê a criação de um braço operacional específico voltado à micro, pequena e média empresa exportadora, tradicionalmente mais vulnerável a oscilações de mercado e menos capaz de absorver impactos repentinos sem apoio direto. O governo espera, com isso, preservar uma base importante da economia que responde por boa parte da geração de empregos e do dinamismo em polos regionais de produção.

A reformulação do Fundo de Exportação será implementada por meio de decreto presidencial e contará com articulação junto ao Congresso Nacional para garantir recomposição orçamentária e segurança jurídica aos novos dispositivos. Além disso, o Executivo pretende instituir um comitê interministerial para definir os critérios de acesso aos recursos e monitorar os resultados, garantindo que os recursos cheguem de forma eficaz às empresas que mais precisam.

Lula, em reuniões com sua equipe econômica, defendeu que a política de exportações do país precisa de instrumentos mais inteligentes e rápidos para responder a cenários de crise. Segundo ele, o tarifaço representa uma ameaça direta à estabilidade de setores inteiros da indústria nacional, e proteger quem produz e exporta é uma questão não apenas econômica, mas de soberania.

A decisão presidencial foi recebida com otimismo por entidades da indústria e do comércio exterior, que há meses vinham alertando sobre o risco de perda de contratos, fuga de investimentos e retração de produção. Associações como a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) destacaram que o fundo, antes limitado à compensação fiscal entre União e estados, agora se torna um instrumento com real impacto sobre a atividade exportadora, aproximando-se das necessidades do setor.

Economistas apontam que a iniciativa pode representar uma mudança de paradigma na política industrial brasileira. Ao usar um fundo historicamente voltado à arrecadação estadual como alavanca de suporte produtivo, o governo sinaliza uma maior integração entre política fiscal e estratégia de desenvolvimento. Ainda assim, especialistas também alertam para a importância de garantir que os critérios de acesso aos recursos sejam claros e que haja mecanismos de avaliação contínua para medir a efetividade da reformulação.

Política e simbolicamente, a reestruturação do Fundo de Exportação fortalece a mensagem do governo de que o tarifaço não será enfrentado apenas com medidas paliativas, mas com ações estruturantes. Em paralelo a outras frentes — como a postergação de tributos, condicionamento de crédito à preservação de empregos, e negociações com parceiros comerciais estratégicos —, a reformulação do fundo ajuda a compor uma resposta mais robusta e coordenada diante de um cenário de pressão econômica intensa.

O novo formato do fundo deverá ser detalhado nas próximas semanas, incluindo os setores prioritários, os limites de uso dos recursos e os critérios de elegibilidade. Enquanto isso, o governo segue ouvindo representantes da indústria e do comércio exterior para ajustar os dispositivos à realidade de cada setor.

Ao apostar em uma ferramenta tradicional com nova finalidade, Lula reafirma o papel do Estado como indutor de desenvolvimento e protetor da base produtiva nacional. A reformulação do Fundo de Exportação marca, assim, mais um passo no esforço para blindar a economia brasileira dos efeitos negativos da alta tarifária e preparar o país para enfrentar cenários semelhantes com maior resiliência no futuro.

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