Após queda por temores no segundo trimestre, reagem ações do Banco do Brasil
As ações do Banco do Brasil tiveram uma reação significativa nesta semana, após uma forte desvalorização ocorrida na sexta-feira anterior. A recuperação, que girou em torno de 3% no início da segunda-feira, veio na esteira de uma queda de cerca de 7% nos papéis do banco, que havia sido provocada por preocupações com o desempenho financeiro da instituição no segundo trimestre de 2025.
Contexto da queda recente
Na sexta-feira, investidores reagiram negativamente aos números divulgados pelo Banco Central, que indicaram um lucro líquido implícito de apenas R$ 516 milhões em maio. Esse valor representou uma forte retração em relação aos R$ 3,475 bilhões registrados no mesmo mês de 2024. Em abril, o lucro havia sido de R$ 1,735 bilhão, o que já sinalizava um ritmo desacelerado.
Com base nesses dados, instituições financeiras reduziram suas expectativas para os resultados do trimestre. Estimativas mais conservadoras agora apontam para um lucro entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões no segundo trimestre, abaixo dos R$ 4,6 bilhões projetados anteriormente.
Principais fatores que preocupam o mercado
Analistas apontaram diversos elementos que contribuíram para o sentimento negativo dos investidores:
- Carteira de crédito rural sob pressão: o aumento da inadimplência no agronegócio elevou os custos com provisões para perdas, o que afeta diretamente o lucro líquido do banco.
- Revisões nos lucros projetados: diversas casas de análise reavaliaram suas projeções para o lucro do ano, algumas reduzindo também os preços-alvo das ações.
- Crescimento abaixo do esperado: o desempenho fraco de maio indica que o banco pode estar enfrentando dificuldades mais estruturais no seu modelo de negócio ou na gestão de risco de crédito.
A leve recuperação no início da semana
Após o tombo da sexta-feira, os papéis do Banco do Brasil iniciaram a segunda-feira com valorização. As ações subiram cerca de 3% e chegaram a ser negociadas na casa dos R$ 19,00. O movimento foi interpretado por analistas como uma correção técnica, já que a forte queda anterior pode ter sido considerada exagerada por parte do mercado.
Apesar da recuperação pontual, o desempenho do papel no acumulado do ano continua negativo. Até o início de agosto, as ações acumulavam queda próxima de 19%, sinalizando um desempenho bem abaixo do índice geral da Bolsa.
Expectativas para o balanço do segundo trimestre
O mercado agora aguarda a divulgação oficial dos resultados do Banco do Brasil para o segundo trimestre, prevista para a segunda quinzena de agosto. A expectativa é de que o relatório traga maior clareza sobre os reais impactos da inadimplência e das provisões nas finanças do banco. O desempenho trimestral será decisivo para a avaliação das perspectivas da companhia no segundo semestre.
Se confirmadas as projeções mais pessimistas, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) do banco pode ficar abaixo de 10% no acumulado do ano, o que representaria um enfraquecimento relevante da rentabilidade da instituição em comparação com anos anteriores.
Conclusão
O momento é de incerteza para o Banco do Brasil. Embora a leve recuperação nas ações indique que parte do mercado ainda vê valor nos papéis da instituição, os dados mais recentes geraram uma onda de reavaliações entre os analistas. As próximas semanas serão decisivas para entender se o banco conseguirá reverter o cenário adverso ou se enfrentará um período prolongado de ajustes e desconfiança por parte dos investidores.