Setor empresarial pressiona governo por crédito emergencial e alívio tributário diante de tarifas externas
Empresários de diferentes setores produtivos apresentaram ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, uma série de demandas em resposta à recente elevação de tarifas impostas por países estrangeiros, especialmente os Estados Unidos. As medidas externas, vistas como barreiras comerciais, acenderam o sinal de alerta em setores da economia brasileira que dependem fortemente das exportações ou de cadeias globais de produção.
Entre os pedidos levados ao governo, destacam-se duas solicitações centrais: a criação de linhas emergenciais de crédito para mitigar os impactos imediatos da perda de competitividade e a suspensão temporária de tributos internos que agravam os custos das empresas atingidas pelas novas tarifas. As reivindicações foram encaminhadas em reuniões com representantes da indústria, comércio exterior e agronegócio, refletindo a preocupação crescente com os efeitos das tensões comerciais sobre a economia nacional.
A iniciativa empresarial foi motivada pelas decisões recentes de Washington, que incluem aumentos nas tarifas sobre produtos estratégicos — como aço, alumínio e componentes industriais — sob a justificativa de proteção à indústria doméstica e segurança nacional. As medidas, embora esperadas por parte do setor diplomático, pegaram diversos segmentos empresariais de surpresa quanto à sua abrangência e impacto potencial.
Geraldo Alckmin, que também lidera iniciativas de reindustrialização e política de exportações, recebeu as demandas e demonstrou preocupação com os efeitos das tarifas sobre a atividade econômica brasileira. Segundo relatos de participantes, o vice-presidente se comprometeu a encaminhar as reivindicações para análise técnica dentro do governo e abrir diálogo com outras pastas, como Fazenda e Relações Exteriores.
Entre as propostas apresentadas pelos empresários está a criação de linhas de crédito específicas com juros subsidiados e prazos estendidos, voltadas a empresas exportadoras que perderam contratos ou margens de lucro em razão das novas tarifas. O objetivo seria garantir capital de giro e fôlego financeiro para atravessar o período de instabilidade sem recorrer a demissões ou suspensão de operações.
Outra frente importante é a tributária. Os empresários pediram ao governo que avalie a suspensão temporária de tributos como PIS, Cofins ou IPI sobre insumos e produtos intermediários usados na produção voltada à exportação. A ideia é reduzir o peso fiscal sobre a cadeia produtiva nacional, melhorando a competitividade externa até que as tensões comerciais sejam resolvidas ou compensadas por acordos bilaterais.
O setor empresarial também pediu que o governo intensifique o diálogo diplomático com os Estados Unidos e explore mecanismos de contestação legal em fóruns internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC). Além disso, houve sugestões para diversificar destinos de exportação e ampliar acordos comerciais com mercados alternativos, como Ásia, América Latina e África.
Especialistas em comércio exterior apontam que o pleito dos empresários é coerente com o momento delicado vivido por algumas cadeias produtivas, que dependem de acesso fluido a mercados internacionais. Eles ressaltam, porém, que a concessão de crédito e a renúncia fiscal exigem análise criteriosa do impacto fiscal e da viabilidade operacional, em um contexto em que o governo também busca equilibrar as contas públicas.
Governo e setor privado devem continuar o diálogo nas próximas semanas, com previsão de novos encontros para aprofundar as propostas e avaliar alternativas viáveis. A expectativa é que medidas de apoio sejam anunciadas nas próximas semanas, ainda que de forma segmentada, atendendo setores mais impactados ou considerados estratégicos para o país.
O episódio ressalta os desafios da inserção internacional do Brasil em um mundo cada vez mais protecionista e sujeito a reconfigurações geopolíticas. Em momentos como este, a articulação entre governo e iniciativa privada torna-se essencial para preservar a competitividade da economia nacional e proteger empregos e investimentos produtivos.