Recorde histórico: EUA registram um “mega-relâmpago” de 829 km, o maior já mensurado
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmou que o raio mais longo já documentado foi um fenômeno que se estendeu por impressionantes 829 quilômetros entre o leste do Texas e a região próxima a Kansas City, em Missouri, durante uma forte tempestade ocorrida em 22 de outubro de 2017. Esse tipo de descarga elétrica de enorme extensão é conhecido como “megaflash”.
O recorde só veio a ser reconhecido em 2025, após reanálise de dados obtidos por satélites GOES‑16 e GOES‑17. Segundo a OMM, essa extensão supera em cerca de 61 km o recorde anterior de 768 km, registrado em abril de 2020 sobre os estados do Texas, Louisiana e Mississippi. A margem de erro da medição é de aproximadamente ± 8 km.
Esse tipo de descarga é raríssimo — ocorre em menos de 1% das tempestades e se origina predominantemente em complexos convectivos de grande escala com forte estrutura elétrica horizontal. Esses sistemas provocam relâmpagos que se deslocam a grandes distâncias entre nuvens, conhecidos como megaflashes, e que podem durar até sete segundos e envolver diversas ramificações até o solo.
Para efeitos de comparação, um megaflash desse tipo é capaz de percorrer uma distância equivalente à viagem de 8 a 9 horas de carro ou cerca de 90 minutos de voo comercial entre pontos distintos do território americano. As medições detalhadas foram feitas com apoio da tecnologia de mapeamento de raios por satélite, um avanço que permitiu reconstruir trajetórias de descargas que antes passavam despercebidas pelas redes terrestres.
A OMM também relembra outros recordes extremos relacionados a raios, como o de maior duração — um relâmpago que perdurou por 17,1 segundos sobre regiões da Argentina e Uruguai em junho de 2020 — e os eventos com maior mortalidade direta ou indireta, registrados no Zimbábue em 1975 (21 mortos) e no Egito em 1994 (469 mortos).
O registro evidencia os riscos associados a esses fenômenos: mesmo quando as nuvens estão distantes, descargas podem atingir áreas sem antecedência, afetar o tráfego aéreo, provocar incêndios e representar perigo à população. Por isso, especialistas recomendam buscar abrigo em edifícios com infraestrutura elétrica adequada ou dentro de veículos fechados quando os raios estiverem a menos de 10 km de distância