Cotação do petróleo encerra o mês em leve retração diária, mas acumula valorização de 5,8% com foco no mercado norte-americano
Os contratos futuros de petróleo fecharam a última sessão do mês em leve queda, em meio a um ambiente de cautela nos mercados globais e com os Estados Unidos no centro das atenções dos investidores. Apesar do recuo pontual observado na cotação diária, o produto encerrou o mês com um avanço acumulado de 5,8%, refletindo uma combinação de fatores estruturais e conjunturais que sustentaram a valorização ao longo de julho.
A retração registrada no último pregão teve como pano de fundo o aumento das incertezas sobre a política monetária norte-americana e os dados de estoques do país, que continuam a exercer forte influência sobre os preços internacionais do petróleo. Informações divulgadas ao longo da semana indicaram variações nos níveis de reservas estratégicas e produção interna, o que levou o mercado a ajustar posições antes do fechamento do mês.
Apesar da queda pontual, o petróleo tipo Brent — referência internacional — e o WTI, usado como referência nos Estados Unidos, apresentaram uma trajetória de valorização consistente nas semanas anteriores. Entre os principais fatores responsáveis por esse movimento estão a redução dos estoques comerciais em território norte-americano, as expectativas de aumento na demanda global durante o verão do hemisfério norte e os cortes voluntários de produção realizados por grandes exportadores, como Arábia Saudita e Rússia.
Os cortes promovidos pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) continuam sendo uma peça-chave na sustentação dos preços. Com a oferta global mais controlada e a demanda mostrando sinais de recuperação moderada, os contratos futuros encontraram suporte para subir, mesmo diante de sinais mistos da economia global.
No caso dos Estados Unidos, a atenção se voltou também para os desdobramentos da política monetária conduzida pelo Federal Reserve. Investidores monitoram atentamente os sinais emitidos pelo banco central norte-americano quanto à possibilidade de cortes nos juros ainda em 2025, o que poderia impulsionar a atividade econômica e, por consequência, elevar a demanda por combustíveis. No entanto, a autoridade monetária segue cautelosa, aguardando dados mais consistentes sobre inflação e emprego antes de alterar sua estratégia.
Além disso, o mercado permanece sensível a tensões geopolíticas em regiões produtoras e a fatores climáticos que podem afetar rotas de exportação e capacidade produtiva. A temporada de furacões no Golfo do México, por exemplo, costuma trazer volatilidade às cotações nesta época do ano, e qualquer interrupção em refinarias ou terminais logísticos pode alterar o equilíbrio entre oferta e demanda.
A valorização mensal de 5,8% representa um ganho relevante para o setor energético e para os países exportadores, mas também acende alertas sobre os possíveis efeitos inflacionários desse movimento. Com os combustíveis ainda exercendo peso considerável nos índices de preços ao consumidor, a alta do petróleo pode dificultar o controle da inflação em economias emergentes e avançadas.
No Brasil, o comportamento do petróleo tem impacto direto sobre os preços dos derivados e a política de preços praticada pela Petrobras. Uma valorização contínua no mercado internacional tende a pressionar o valor da gasolina e do diesel, especialmente em um contexto de câmbio instável e reavaliações na política de paridade de importação adotada pela estatal.
Em síntese, o petróleo termina o mês com desempenho positivo no acumulado, refletindo um equilíbrio delicado entre fatores de oferta controlada e demanda em recuperação gradual. Para os próximos meses, o comportamento das economias centrais, os ajustes na produção dos países da Opep+ e o cenário geopolítico seguirão como vetores determinantes na formação dos preços.