Whey protein é ultraprocessado? Entenda o que isso significa para a sua saúde
O whey protein, um dos suplementos mais populares entre praticantes de atividade física, vem ganhando espaço não apenas nas academias, mas também na rotina alimentar de quem busca praticidade e maior ingestão de proteínas no dia a dia. Apesar da imagem positiva associada à recuperação muscular e ao ganho de massa magra, muita gente se surpreende ao descobrir que o whey é classificado como um alimento ultraprocessado. Essa classificação, embora técnica, levanta questionamentos importantes sobre o papel desse produto na alimentação saudável.
A definição de alimentos ultraprocessados parte de uma análise do grau de intervenção industrial que os alimentos sofrem antes de chegar à mesa do consumidor. Esses produtos, diferentemente dos alimentos in natura ou minimamente processados, passam por diversas etapas de fabricação, que muitas vezes envolvem a adição de substâncias que não são usadas na culinária tradicional, como emulsificantes, corantes, espessantes, aromatizantes artificiais e adoçantes. No caso do whey protein, embora sua matéria-prima seja o soro do leite, o produto final vendido ao consumidor contém uma combinação de aditivos que contribuem para seu sabor, textura, conservação e solubilidade — características essenciais para torná-lo atrativo comercialmente.
O processo de produção do whey protein envolve a filtragem do soro do leite, a retirada de componentes como gorduras e carboidratos, a desidratação e a posterior adição de compostos como aromatizantes, adoçantes artificiais e, em alguns casos, vitaminas e minerais sintéticos. Isso o torna uma substância altamente modificada em relação ao alimento original. Portanto, dentro dos critérios que avaliam o grau de processamento, ele se encaixa na categoria de ultraprocessados — a mesma em que estão refrigerantes, salgadinhos de pacote e biscoitos recheados. A diferença está na função que o suplemento cumpre e na forma como ele é utilizado na dieta.
É importante entender que a classificação como ultraprocessado não significa que o whey protein seja automaticamente prejudicial à saúde. Essa é uma leitura superficial que pode gerar interpretações equivocadas. O que essa definição técnica aponta é que o produto não deve ser confundido com um alimento natural, e seu consumo deve ser feito de forma consciente e contextualizada dentro de uma dieta equilibrada. O problema está no excesso, no uso indiscriminado e na substituição de alimentos completos por suplementos industrializados.
Entre os benefícios reconhecidos do whey protein estão sua alta concentração de proteínas de rápida absorção, a praticidade para quem tem uma rotina corrida e a contribuição para a manutenção e construção da massa muscular, especialmente quando associado ao treino de força. Ele também pode ser um aliado útil para idosos ou pessoas com necessidades específicas de proteína que não conseguem atingir suas metas nutricionais apenas por meio da alimentação tradicional.
Por outro lado, o consumo frequente de produtos ultraprocessados, mesmo aqueles com perfil nutricional aparentemente positivo, pode impactar a saúde de diversas formas. Em geral, dietas ricas em ultraprocessados estão associadas ao aumento de doenças crônicas, como obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão. Embora o whey protein, isoladamente, não carregue os mesmos riscos de um refrigerante, por exemplo, é preciso atenção ao seu papel no conjunto da dieta. Muitos produtos comercializados contêm adoçantes artificiais que, apesar de considerados seguros pelas autoridades sanitárias, ainda são alvo de debates sobre seus efeitos a longo prazo no intestino e no metabolismo.
Outro ponto importante é que o consumo constante do suplemento pode mascarar hábitos alimentares inadequados. Pessoas que dependem do whey como principal fonte de proteína, em vez de apostar em alimentos ricos e variados como carnes magras, ovos, leite, leguminosas e oleaginosas, acabam reduzindo a diversidade nutricional da dieta. Isso pode comprometer a ingestão de outros nutrientes essenciais que vêm dos alimentos naturais.
Portanto, o whey protein pode sim fazer parte de uma alimentação saudável, desde que utilizado com moderação, critério e, preferencialmente, com orientação de um nutricionista. Seu uso deve complementar uma dieta rica em alimentos frescos, não substituí-los. Entender que ele é um ultraprocessado não significa rejeitá-lo, mas sim reconhecer seus limites e seu papel específico dentro de uma proposta alimentar mais ampla, equilibrada e consciente.