Para Simone Tebet, aliança com os Brics representa caminho estratégico para o Brasil e não está sujeita a concessões
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, declarou de forma categórica que a permanência e o fortalecimento do Brasil no grupo dos Brics são não apenas estratégicos, mas também inegociáveis. Segundo sua avaliação, a parceria com os países que compõem o bloco — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, agora com novos integrantes — deve ser tratada como uma prioridade absoluta para o posicionamento internacional brasileiro.
Na visão da ministra, os Brics oferecem uma plataforma de cooperação econômica, diplomática e política que responde diretamente aos desafios enfrentados pelos países em desenvolvimento. Com esse entendimento, ela rejeita qualquer possibilidade de que o Brasil reavalie sua posição no grupo ou trate a participação como moeda de troca em negociações com outras potências.
A declaração de Tebet ocorre em um momento de redefinição da ordem global, em que o Sul Global busca maior protagonismo e autonomia diante dos grandes centros de poder tradicionais. Nesse cenário, os Brics representam, para o governo brasileiro, uma alternativa concreta à hegemonia de instituições financeiras e políticas dominadas pelo eixo norte-americano-europeu.
Ao defender que os Brics são solução para o Brasil, Tebet ressalta o potencial do bloco em criar novos mecanismos de financiamento, comércio e cooperação tecnológica. A ministra entende que o Brasil precisa de instrumentos que não estejam condicionados às regras impostas por organismos multilaterais historicamente controlados por países desenvolvidos. Os bancos criados dentro da aliança, como o Novo Banco de Desenvolvimento, ganham relevância nesse contexto, permitindo ao país diversificar suas fontes de crédito e investimento.
A ministra também destacou a relevância geopolítica de se manter integrado a um grupo que congrega nações com peso significativo no cenário internacional e que compartilham desafios comuns, como a luta contra a desigualdade, a defesa da soberania nacional e o estímulo ao crescimento econômico com inclusão social.
Para Tebet, os Brics não apenas oferecem possibilidades práticas para o avanço do Brasil em áreas como infraestrutura, energia, tecnologia e segurança alimentar, mas também representam um espaço de afirmação política no qual o país pode atuar como ponte entre diferentes polos de poder. Essa capacidade de transitar entre blocos e dialogar com múltiplas potências é vista por ela como essencial para a construção de uma política externa soberana e pragmática.
A posição firme de que a participação brasileira no grupo é inegociável também serve como resposta a setores internos e externos que veem com reservas a aproximação com países como China e Rússia. Para a ministra, o Brasil não deve se deixar aprisionar em disputas ideológicas ou geopolíticas alheias aos seus interesses reais. A cooperação entre os Brics, segundo sua visão, é pautada pela pluralidade e pelo respeito às especificidades de cada nação-membro.
Ao defender essa postura, Tebet reafirma o compromisso do governo com uma diplomacia ativa, multilateral e orientada para os interesses do desenvolvimento nacional. A associação com os Brics é compreendida como parte de um esforço mais amplo de reposicionar o Brasil no cenário global, buscando equilíbrio entre suas relações com o Ocidente e os demais polos emergentes.
A ministra vê na aliança uma ferramenta para reequilibrar o papel do Brasil nas grandes decisões mundiais, além de uma via concreta para estimular o comércio Sul-Sul e abrir novos mercados para produtos e serviços brasileiros. Os Brics, portanto, aparecem não como uma alternativa isolada, mas como parte de uma estratégia ampla de fortalecimento da presença internacional do Brasil com autonomia, pluralidade e visão de futuro.
Com isso, Simone Tebet envia um recado claro: a participação do Brasil nos Brics não está em debate. É, para ela, um ativo diplomático, econômico e estratégico que deve ser preservado e fortalecido — não apenas por interesse político, mas como resposta às necessidades concretas do país no século XXI.