Decisão sobre manter pausa nas tarifas aplicadas à China está nas mãos de Trump, segundo Bessent
As relações comerciais entre os Estados Unidos e a China, que há anos têm oscilado entre disputas tarifárias e tentativas de reconciliação, voltaram a ganhar destaque após declarações recentes de Whitney Bessent, figura conhecida no cenário econômico e financeiro norte-americano. Segundo ela, a continuidade da suspensão temporária das tarifas impostas à China dependerá exclusivamente da postura que o ex-presidente Donald Trump decidir adotar, caso reassuma a liderança do país.
Essa trégua tarifária, firmada como parte de um esforço para atenuar os efeitos negativos de uma guerra comercial prolongada, tem funcionado como um ponto de equilíbrio tênue entre as duas maiores economias do mundo. A suspensão em vigor tem permitido uma maior fluidez no comércio bilateral, além de oferecer alívio para setores sensíveis como o agrícola, o industrial e o tecnológico, altamente impactados pelos embargos anteriores.
Bessent destacou que qualquer tentativa de renovar esse acordo temporário, ou até mesmo transformá-lo em algo mais duradouro, dependerá do retorno de Trump ao poder e de sua disposição política para negociar com Pequim. Durante sua presidência, Trump adotou uma postura dura contra a China, com tarifas severas e alegações de práticas comerciais desleais, especialmente no que diz respeito a propriedade intelectual e subsídios estatais.
A possibilidade de Trump voltar à Casa Branca reacende especulações sobre a retomada de uma linha mais agressiva na política comercial americana. Mesmo com a atual suspensão parcial das tarifas, há incerteza sobre a continuidade desse status, especialmente diante de uma nova administração que pode optar por reverter decisões anteriores em nome de uma suposta proteção da indústria nacional.
Além do impacto direto sobre as exportações e importações, a decisão sobre manter ou não a trégua tarifária pode repercutir amplamente nos mercados globais. Investidores, empresas e governos acompanham com atenção os desdobramentos, uma vez que o fim da suspensão poderia levar a uma elevação de custos, restrições comerciais e instabilidade nos fluxos internacionais de bens e serviços.
Bessent apontou ainda que, embora a trégua tarifária tenha sido benéfica para alguns setores, ela não resolve questões estruturais mais profundas que afetam as relações entre os dois países. Tensões envolvendo cadeias de suprimento, segurança nacional, e dominação tecnológica continuam a ser fatores de atrito persistente. Nesse contexto, mesmo uma renovação temporária da trégua seria apenas um paliativo.
A decisão, portanto, não se resume a um ato técnico ou burocrático. Trata-se de um gesto político com ramificações econômicas significativas, e que colocará Trump, caso reassuma a presidência, em uma posição de destaque no tabuleiro do comércio internacional. Analistas consideram que, seja qual for a escolha do ex-presidente, ela deverá influenciar o comportamento de outros parceiros comerciais dos EUA e poderá determinar o tom das políticas comerciais globais nos anos seguintes.
Com a proximidade do novo ciclo eleitoral nos Estados Unidos, a discussão sobre tarifas comerciais com a China deverá ganhar ainda mais centralidade nos debates públicos. Candidatos de diferentes espectros ideológicos terão de se posicionar sobre a continuidade ou não da trégua, e sobre como pretendem lidar com a crescente interdependência econômica entre Washington e Pequim.
O futuro das relações tarifárias entre os Estados Unidos e a China, portanto, permanece em aberto — pendendo, segundo Bessent, do que Donald Trump decidir, caso retorne ao mais alto posto do governo americano. A depender dessa escolha, o cenário global poderá ser marcado por maior estabilidade ou por novas ondas de tensão comercial entre as potências.