Economia

Queda do ouro se confirma no fechamento, mesmo com alívio parcial após medidas tarifárias dos EUA

O mercado internacional do ouro encerrou mais um pregão em baixa, com investidores ainda reagindo ao anúncio recente de medidas tarifárias mais rígidas por parte do ex-presidente norte-americano Donald Trump. Apesar de o metal precioso ter conseguido amenizar parte das perdas ao longo do dia, o fechamento indicou nova retração, refletindo um cenário de forte volatilidade e incerteza nos mercados globais.

Os contratos futuros de ouro, com vencimento em agosto, registraram recuo no valor final por onça-troy, após um início de sessão marcado por perdas acentuadas. O movimento de leve recuperação no meio da tarde serviu apenas para suavizar a queda, que ainda assim foi consolidada ao final das negociações na bolsa de commodities de Nova York.

Mercado reage às tarifas mais duras

A principal variável que influenciou o desempenho negativo do ouro foi o discurso endurecido de Donald Trump sobre política tarifária, especialmente contra produtos importados da Ásia e da América Latina. O mercado reagiu com cautela às declarações, que indicam um possível retorno à política de aumento de tarifas sobre bens estrangeiros, uma marca de sua gestão anterior. A possibilidade de retomada dessas ações, em meio ao atual clima eleitoral nos Estados Unidos, elevou a percepção de risco entre os investidores.

Historicamente, o ouro é considerado um ativo de proteção em momentos de instabilidade política e econômica. No entanto, o cenário atual é mais complexo. A resposta inicial do mercado foi de valorização do metal, mas, à medida que outros indicadores econômicos começaram a pesar — como a valorização do dólar e o aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano —, a atratividade do ouro sofreu abalos.

Dólar forte e juros pressionam o metal

Outro fator determinante para o desempenho negativo do ouro neste pregão foi a força do dólar em relação a outras moedas globais. Com a expectativa de que os juros nos Estados Unidos permaneçam em patamares elevados por mais tempo, investidores têm preferido ativos que ofereçam retorno direto, como os títulos públicos americanos, em detrimento de ativos que não geram rendimento, como o ouro.

Além disso, a alta dos rendimentos dos Treasuries reduz o apelo do ouro como reserva de valor, o que contribui para a saída de capital dos fundos vinculados ao metal. Essa dinâmica tem sido observada de forma contínua ao longo das últimas semanas e ganhou força após os anúncios de Trump.

Atenuação das perdas não evita queda

Apesar do viés negativo dominante, o ouro conseguiu limitar parte das perdas durante o dia, refletindo uma leitura mais cautelosa de alguns agentes do mercado em relação à efetivação das medidas anunciadas por Trump. Há especulações de que parte dessas propostas poderá ser ajustada ou até mesmo revertida por pressões internas e externas, o que trouxe algum alívio momentâneo ao preço do metal.

Mesmo com essa atenuação, o saldo final foi de queda, em linha com o movimento observado em outras commodities metálicas. O mercado segue atento a qualquer nova sinalização da política econômica americana, especialmente no que diz respeito a tarifas comerciais, inflação e ritmo de crescimento global.

Perspectivas para o curto prazo

No curto prazo, a tendência para o ouro permanece indefinida, oscilando entre fatores de pressão e suporte. De um lado, o fortalecimento do dólar, os juros elevados e os mercados acionários em alta reduzem o espaço para valorização do metal. De outro, a possibilidade de turbulências geopolíticas, novas tensões comerciais e ajustes na política monetária dos principais bancos centrais podem devolver força ao ouro como instrumento de segurança.

Investidores seguem divididos, e os próximos movimentos do mercado dependerão fortemente da evolução do quadro político nos Estados Unidos e da resposta dos demais países a possíveis medidas protecionistas. A atuação dos bancos centrais, especialmente o Federal Reserve, será outro elemento-chave na definição da trajetória do ouro nos próximos meses.

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