Economia

Petrobras aposta em integração estratégica entre Reduc, Boaventura e Braskem

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, reafirmou recentemente sua confiança na integração operacional e estratégica entre três polos industriais essenciais para a companhia: a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), o Complexo de Boaventura — localizado em Itaboraí, região anteriormente chamada de Comperj — e a petroquímica Braskem. Segundo a executiva, a sinergia entre essas três unidades será determinante para consolidar um novo ciclo de crescimento da estatal e impulsionar o setor energético e petroquímico brasileiro.

O anúncio da nova fase de investimentos foi feito durante um evento oficial que contou com a presença do presidente da República e de outras autoridades federais, e marca o reposicionamento da Petrobras como vetor do desenvolvimento econômico e industrial do país, com foco em geração de valor e sustentabilidade.

Integração como chave de eficiência

A aposta da Petrobras consiste em conectar de maneira integrada a produção de gás natural do pré-sal, processado por meio da Rota 3, com as operações da Reduc, das unidades termelétricas adjacentes e das instalações da Braskem. O plano envolve a ampliação da capacidade de refino, aumento da produção de derivados com maior valor agregado, otimização da infraestrutura energética e fornecimento estável de matéria-prima para o setor petroquímico.

O complexo será alimentado pelo gás natural processado em Itaboraí, que passará a abastecer as termelétricas da Reduc, além de fornecer energia e insumos para a Braskem. Essa operação conjunta deve criar ganhos de escala, reduzir custos operacionais e maximizar a rentabilidade das unidades envolvidas.

Investimentos bilionários e geração de empregos

O plano de investimentos anunciado para o estado do Rio de Janeiro totaliza cerca de R$ 33 bilhões até 2029. Desse montante, a maior parte será destinada à integração entre Reduc e Boaventura, incluindo infraestrutura de dutos, unidades de refino, plantas auxiliares e modernização tecnológica. A Braskem também receberá recursos significativos para ampliação de sua planta no polo petroquímico.

Estima-se que, durante a execução dos projetos, mais de 38 mil empregos diretos e indiretos sejam gerados. Isso deve impactar positivamente a economia de municípios como Duque de Caxias, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói, além de reforçar a cadeia de fornecedores locais, especialmente nos setores de construção civil, engenharia e manutenção industrial.

Aposta em produtos de maior valor e sustentabilidade

A integração entre as três unidades também permitirá o aumento da produção de produtos estratégicos, como diesel S-10, querosene de aviação (QAV) e lubrificantes derivados do pré-sal, que atualmente ainda são parcialmente importados. Com isso, a Petrobras pretende ampliar a autonomia nacional nesses segmentos e reduzir o déficit da balança comercial de combustíveis refinados.

Além dos derivados tradicionais, o plano da Petrobras inclui investimentos em coprocessamento de combustíveis renováveis, como o diesel R e o combustível sustentável para aviação (SAF). Isso está alinhado ao compromisso da empresa com a transição energética e a descarbonização da matriz energética, pilares centrais da nova política industrial do governo federal.

Fortalecimento da presença na Braskem

Outro aspecto estratégico ressaltado pela presidente da Petrobras é o reforço na governança da Braskem. A estatal já é sócia relevante da petroquímica e, agora, pretende ampliar sua participação na gestão da companhia. O objetivo, segundo Chambriard, não é estatizar a empresa, mas garantir que a Braskem esteja alinhada com a visão estratégica de longo prazo da Petrobras, especialmente no uso do gás natural e da infraestrutura integrada com a Reduc.

Esse alinhamento é visto como essencial para garantir que o Brasil se consolide como um dos grandes players globais na cadeia de valor do petróleo, gás e petroquímica. A Braskem, com a ampliação de suas operações no polo fluminense, deve se posicionar entre as maiores empresas petroquímicas do mundo, com acesso competitivo a insumos e energia.

Relevância geopolítica e industrial

A sinergia entre Reduc, Boaventura e Braskem é também um marco simbólico para a reconstrução de projetos industriais que estavam paralisados ou subutilizados, como é o caso do antigo Comperj. Ao retomar obras e reintegrar ativos, a Petrobras não apenas recupera investimentos passados, mas também contribui para a industrialização do estado do Rio de Janeiro e para a autonomia energética do país.

O governo federal vê com bons olhos a articulação entre essas unidades, pois entende que a recuperação do setor industrial brasileiro passa pelo fortalecimento das empresas estatais estratégicas. Ao conectar exploração de gás, refino, energia e petroquímica, o projeto se torna um modelo de desenvolvimento regional e nacional, baseado em inovação, segurança energética e criação de empregos qualificados.

Conclusão

A confiança da presidência da Petrobras na sinergia entre a Reduc, Boaventura e a Braskem traduz uma visão integrada da cadeia de petróleo, gás e derivados. Trata-se de um projeto que reúne escala industrial, sustentabilidade econômica e impacto social direto. A integração dessas unidades reforça o papel da Petrobras como indutora do crescimento, e recoloca o estado do Rio de Janeiro como eixo central da política energética e industrial brasileira.

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