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Trocas no prato: brasileiros deixam carnes nobres de lado e consomem mais ovos e cortes baratos

O hábito alimentar do brasileiro está mudando, e a principal razão não é a saúde, mas o bolso. Diante da alta no preço da carne bovina e da renda apertada, muitas famílias estão substituindo cortes nobres por carnes de segunda e, cada vez mais, apostando nos ovos como fonte acessível de proteína. O movimento, já observado em outras crises econômicas, volta a ganhar força em 2025.

Cortes como picanha, filé mignon e contra-filé estão cada vez mais ausentes das mesas das famílias de classe média e baixa. No lugar deles, entram acém, músculo, paleta e carne moída. Além disso, o frango, já tradicional por ser mais barato, continua sendo uma das opções preferidas nos lares, seguido pelos ovos, que hoje são consumidos em maior quantidade do que há uma década.

Os números comprovam essa tendência: o consumo de carne bovina caiu novamente neste ano, enquanto o de ovos bateu novo recorde. Estimativas apontam que o brasileiro consome, em média, mais de 260 ovos por ano, número que deve subir ainda mais com a manutenção dos preços baixos em relação à carne. Para muitos, o ovo deixou de ser um complemento e passou a ser o prato principal de diversas refeições.

Outro fator que tem impulsionado essa mudança é a praticidade. O ovo é fácil de preparar, tem boa durabilidade e pode ser usado de diversas formas, do café da manhã ao jantar. Já os cortes de segunda, apesar de exigirem mais tempo no preparo, são aproveitados em receitas como ensopados, refogados e cozidos, que garantem rendimento e sabor.

Especialistas em nutrição alertam que, embora os ovos sejam uma ótima fonte de proteína, o desafio é garantir a variedade e o equilíbrio nutricional. A carne bovina, mesmo em cortes menos nobres, fornece nutrientes importantes como ferro e vitamina B12. Por isso, a recomendação é manter um cardápio diversificado, com inclusão de leguminosas como feijão e lentilha, que ajudam a compensar a redução no consumo de carne vermelha.

Na prática, as feiras e açougues já sentem essa mudança. Comerciantes relatam queda nas vendas de carnes mais caras e aumento da procura por ovos, frango e cortes mais baratos. A indústria alimentícia também acompanha o movimento e amplia a oferta de produtos voltados a esse novo padrão de consumo.

Essa substituição no prato do brasileiro reflete mais do que uma mudança alimentar: mostra o impacto direto da economia nas escolhas do dia a dia. Com menos dinheiro circulando, as prioridades se reorganizam — e o alimento mais básico da mesa nacional volta a ter papel de destaque.

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