Economia

BNDES prepara fundo para IA e data centers

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está avaliando a criação de um fundo voltado exclusivamente para o setor de inteligência artificial (IA) e infraestrutura de data centers no Brasil. A proposta faz parte da estratégia da instituição de ampliar sua atuação em áreas consideradas fundamentais para o avanço tecnológico e a transformação digital do país.

Segundo informações reveladas por um dos diretores do banco, a iniciativa prevê um investimento inicial entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão. Com esse capital, o BNDES pretende atrair aportes privados e alavancar um volume total de até R$ 5 bilhões em investimentos para o setor. A previsão é que o fundo seja oficialmente lançado e comece a operar no início de 2026.

O fundo está sendo desenhado para atuar de forma estratégica no apoio a empresas de diferentes portes, com especial foco em startups e empresas de médio porte que operam nas áreas de IA, computação em nuvem e serviços de dados. A ideia é garantir capital para expansão e também participação societária em empresas promissoras, o que marca um retorno mais forte do banco ao mercado de renda variável.

Nos últimos anos, o BNDES tem intensificado seus esforços para impulsionar a modernização da infraestrutura digital do Brasil. Já foram aprovados mais de R$ 1 bilhão em crédito voltado a soluções de inteligência artificial, com financiamentos distribuídos entre desenvolvedores de software, integradores de sistemas, empresas de hardware e infraestrutura de data centers. Um exemplo emblemático foi a aprovação de um crédito expressivo para uma empresa especializada na construção e operação de data centers de grande porte, com foco em equipamentos de alta tecnologia e baixo consumo energético.

Além disso, o BNDES vem atuando de forma articulada com programas federais voltados à transformação digital da indústria brasileira. Um desses programas contempla uma linha de crédito específica para construção e ampliação de data centers, com valores que ultrapassam R$ 2 bilhões. Esses investimentos buscam preparar o país para o crescimento exponencial da demanda por armazenamento de dados, processamento computacional e serviços de inteligência artificial.

A criação do novo fundo se insere dentro do esforço do banco de se reposicionar como agente catalisador de inovação e de desenvolvimento sustentável. A aposta em IA e data centers está alinhada com a estratégia nacional de transição digital, que vê na tecnologia uma ferramenta essencial para o aumento da competitividade da economia brasileira.

Com uma matriz energética majoritariamente limpa, o Brasil tem um diferencial relevante na operação de grandes centros de dados, que exigem grande consumo de energia elétrica. Esse fator é considerado um atrativo importante para investimentos no setor, uma vez que os principais operadores de data centers globais buscam soluções ambientalmente sustentáveis.

Especialistas do setor avaliam que o fundo do BNDES pode ter um impacto expressivo tanto na geração de empregos quanto no avanço tecnológico das empresas brasileiras. Além de atrair capital privado, a medida pode estimular a criação de novos polos tecnológicos fora dos grandes centros urbanos, contribuindo para a descentralização do desenvolvimento e o fortalecimento regional.

Entre os desafios, no entanto, estão a necessidade de uma estrutura de governança eficiente, a gestão criteriosa dos investimentos e a definição clara dos critérios de seleção de empresas e projetos. O sucesso da iniciativa dependerá da capacidade do BNDES de criar mecanismos ágeis e transparentes para a operação do fundo, bem como de manter uma visão estratégica de longo prazo.

O fundo para IA e data centers ainda está em fase de estruturação, mas já representa um passo importante na estratégia do BNDES de ampliar sua atuação no fomento à inovação tecnológica. Com foco em áreas críticas para o futuro da economia digital, a iniciativa pode posicionar o Brasil de forma mais competitiva no cenário global, ao mesmo tempo em que fortalece o ecossistema local de ciência, tecnologia e inovação.

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