Alta dos juros atrapalha Plano Safra, diz Fávaro
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a taxa básica de juros, atualmente em 15% ao ano, está “desproporcional” e complicou significativamente a elaboração do Plano Safra 2025/2026. Ele destacou que esse patamar elevado afetou de forma direta o financiamento rural e a atratividade da poupança agrícola.
Durante o anúncio do pacote, com valor total de R$ 516,2 bilhões — cifra recorde, mas abaixo do ajuste real considerando a inflação —, Fávaro ressaltou que, apesar de controles sobre inflação, equilíbrio fiscal, crescimento econômico e queda do desemprego, a Selic permanece excessiva. “Não consigo compreender essa taxa diante de um quadro positivo da economia”, declarou ele com base em fatores favoráveis ao Brasil.
Em seu discurso, o ministro explicou que uma Selic mais baixa no ciclo anterior, de 10,5%, permitia linhas de crédito rural mais acessíveis e estimulava o uso da poupança rural para autofinanciamento. Com a Selic a 15%, no entanto, os recursos deixaram de ser atraentes nesse segmento, pressionando o custo de crédito no Plano Safra. “A alta da taxa pressiona o funding para o crédito agrícola e reduz a atratividade da poupança rural”, afirmou.
Mesmo com o cenário adverso, a equipe conduziu esforços para viabilizar um terceiro Plano Safra consecutivo em valores recordes, embora o poder de compra real tenha sido impactado pelas taxas elevadas. Fávaro deixou claro que o governo absorveu parte dessa pressão por meio de equalização, reduzindo aumentos nas taxas destinadas aos produtores em comparação à Selic vigente.
O ministro também fez questão de enfatizar que este é o terceiro Plano Safra seguido com recorde histórico, ressaltando o esforço conjunto da equipe econômica, do presidente Lula e dos ministérios ligados ao agro. Ele considerou desafiador repetir tamanho patamar de recursos em meio à Selic elevada, mas valorizou o empenho coletivo para alcançar o resultado.
O diagnóstico de Fávaro reflete um dilema enfrentado por todo o setor rural: taxa de juros alta encarece as linhas de crédito, pode limitar investimentos no campo, afetar produção e encarecer os custos de logística e insumos. Ao mesmo tempo, a inflação e a dívida pública permanecem sob controle, levantando questionamentos sobre a adequação da política monetária atual.
Ao afirmar que a Selic está “desproporcional”, o ministro reforça apelos por uma avaliação mais alinhada entre política monetária e política agrícola. Para o setor, uma redução da taxa pode aliviar o custo do financiamento rural e permitir que o Plano Safra expresse seu potencial completo.