Professor analisa ato e vê Tarcísio como destaque diante de Bolsonaro fragilizado
Durante o mais recente evento público de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, ocorrido em clima de mobilização conservadora, um nome acabou ganhando mais brilho do que o esperado: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. A avaliação de especialistas é que, enquanto Bolsonaro parecia abatido e demonstrava sinais de desgaste político e físico, Tarcísio se projetou como figura forte e potencial sucessor do ex-chefe.
Segundo análise de um professor de ciência política, o ato teve uma mudança simbólica em sua dinâmica interna. Apesar de estar formalmente voltado a apoiar Bolsonaro e protestar contra medidas judiciais que o afetam, o evento acabou funcionando como uma espécie de vitrine para Tarcísio. Ele discursou com firmeza, foi aclamado pelo público presente e adotou uma postura de liderança mais articulada e menos beligerante do que aquela associada ao bolsonarismo raiz.
O professor destacou que, do ponto de vista da performance, Bolsonaro demonstrou sinais de cansaço. Seu discurso foi mais contido do que em atos anteriores, sem a mesma energia de outrora. O ex-presidente parecia abatido, e sua presença, embora central, não carregava mais o magnetismo que exercia nos tempos áureos do Planalto. Isso, segundo o especialista, abriu espaço para que Tarcísio brilhasse.
Para além da performance individual, o episódio levanta questões sobre a transição de protagonismo dentro da direita brasileira. Tarcísio, que tenta manter uma imagem de gestor técnico, tem evitado o radicalismo mais ruidoso e se apresenta como figura mais palatável a segmentos da sociedade e do mercado. Sua postura neste ato reforçou essa tendência — de alguém que se alinha à base bolsonarista, mas que tenta construir uma narrativa própria.
Ainda segundo a análise, o evento deixa claro que o bolsonarismo começa a viver um dilema: manter Bolsonaro como principal referência, mesmo com suas fragilidades crescentes, ou abrir caminho para nomes como Tarcísio, que podem ampliar a base de apoio, mas que também correm o risco de se distanciar das raízes mais ideológicas do movimento.
A presença de Tarcísio foi também um recado: ele não está disposto a romper com Bolsonaro, mas já se posiciona para um eventual cenário em que a sucessão se torne inevitável. E neste tabuleiro, cada gesto, fala e aparição pública conta. No ato em questão, foi ele quem saiu com saldo político mais positivo — algo que já chama a atenção tanto da base conservadora quanto dos adversários.
