Haddad rebate críticas e defende cautela com ajuste: “Vamos onerar quem está pedindo socorro?”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a se posicionar com firmeza diante das pressões por um ajuste fiscal mais duro. Em entrevista recente, ele questionou o impacto de certas propostas que, segundo ele, penalizariam justamente os mais vulneráveis em um momento de fragilidade econômica.
“Vamos onerar quem está pedindo socorro?”, disparou o ministro, ao criticar medidas que afetariam diretamente setores que dependem de incentivos, subsídios ou benefícios sociais para manter suas atividades ou garantir o mínimo de dignidade. Para Haddad, é necessário responsabilidade, mas também sensibilidade social na busca pelo equilíbrio das contas públicas.
A declaração surge em meio a um impasse entre o Executivo e o Congresso sobre medidas de aumento de arrecadação e contenção de gastos. De um lado, parlamentares querem barrar tributos como o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e resistem à reoneração da folha de pagamento. De outro, o governo tenta preservar instrumentos que garantam recursos para investimentos e programas sociais.
O ministro tem reiterado que o país precisa construir uma base fiscal sólida, mas que isso não deve ser feito de forma abrupta ou com decisões que agravem desigualdades. Segundo ele, a economia ainda enfrenta os efeitos de choques externos e de uma transição política delicada, e o momento pede mais cooperação do que confronto.
Haddad também defende que qualquer revisão de incentivos seja feita de forma técnica e gradual, respeitando contratos, a realidade de cada setor e o impacto no emprego. “Não se pode fazer ajuste com base em slogans. O que está em jogo é o futuro de milhões de pessoas”, afirmou em outro momento.
No Planalto, há uma tentativa de construir pontes com o Legislativo para viabilizar uma saída que preserve a responsabilidade fiscal sem comprometer o crescimento. Ao mesmo tempo, o governo busca aprovar medidas que aumentem a arrecadação sem elevar a carga tributária para os mais pobres.
As falas de Haddad refletem a tensão entre as metas de ajuste e os limites sociais e políticos do país. O ministro vem se esforçando para manter o diálogo aberto com o mercado, com empresários e com o Congresso, mas tem esbarrado em resistências tanto dentro quanto fora da base governista.
A discussão sobre o ajuste fiscal deve seguir como um dos temas centrais da política econômica nos próximos meses. E a grande pergunta segue sem resposta simples: como equilibrar contas públicas sem aumentar o peso sobre quem já carrega o maior fardo? Para Haddad, a resposta passa pela justiça social.