Politica

Congresso age como escudo da elite e mina funcionamento da República, avalia colunista

A atual atuação do Congresso Nacional tem despertado preocupação entre analistas políticos e sociais por representar, cada vez mais, os interesses de uma elite econômica, em detrimento das necessidades da maioria da população. Essa é a principal crítica feita pelo colunista Leonardo Sakamoto, que vê no Legislativo um reflexo do desequilíbrio estrutural que perpetua desigualdades históricas no Brasil.

Segundo ele, o Parlamento brasileiro atua como um bastião da manutenção de privilégios — e não como agente de transformação social. A resistência em avançar com medidas como a taxação de grandes fortunas, heranças e lucros e dividendos é um dos exemplos mais visíveis de como o Congresso protege os mais ricos. Ao mesmo tempo, projetos que visam aliviar a carga tributária dos mais pobres ou redistribuir renda sofrem sucessivos adiamentos, alterações ou são simplesmente engavetados.

O colunista aponta ainda que há uma aliança tácita entre partidos de diferentes espectros ideológicos quando o assunto é a proteção de interesses de bancos, grandes empresários, fundos exclusivos e grupos que dominam setores estratégicos da economia. Essa convergência se fortalece por meio de articulações políticas que envolvem emendas bilionárias, blindagem de lideranças e acordos silenciosos.

Outro ponto central na crítica é que, ao agir assim, o Congresso mina a própria estrutura republicana. Em vez de zelar pelo bem comum, desvia sua função para atender interesses de grupos concentrados de poder. Isso enfraquece não apenas a capacidade do Estado de prestar serviços públicos de qualidade, como também esvazia o valor simbólico e prático da democracia representativa.

Além disso, o colunista alerta para o perigo dessa prática se tornar naturalizada. A população começa a perder a confiança nas instituições, acreditando que tudo está dominado por conchavos e privilégios — o que aumenta a descrença no voto e favorece discursos antidemocráticos. A cada projeto que protege quem já tem muito ou que retira recursos de áreas essenciais como saúde, educação e segurança, aprofunda-se o fosso entre o povo e o poder.

Na avaliação de Sakamoto, o Brasil não avança porque uma engrenagem essencial da República — o Congresso — escolheu proteger o topo da pirâmide social, deixando a base desassistida. O resultado disso é um país que parece emperrado em suas desigualdades, por escolha consciente de seus representantes.

Se não houver pressão organizada da sociedade para exigir reformas estruturais, transparência e justiça social, o risco é ver o Legislativo se consolidar como um clube fechado que legisla para poucos, enquanto a maioria segue à margem, sem voz, sem vez e sem futuro.

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