Economia

Fed mantém juros nos EUA, e Copom eleva Selic para 15% em meio à cautela fiscal

O cenário monetário internacional e doméstico viveu um dia decisivo nesta quarta-feira (18), com duas decisões que afetam diretamente os rumos da economia brasileira. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) decidiu manter a taxa básica de juros inalterada, entre 4,25% e 4,50%, pela quarta vez consecutiva. Já no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu parte do mercado ao elevar a taxa Selic de 14,75% para 15% ao ano — a sétima alta seguida.

Ambas as decisões foram acompanhadas de mensagens importantes sobre os próximos passos das respectivas políticas econômicas, refletindo cautela diante da inflação resistente e de incertezas fiscais.

Fed mantém juros, mas projeta cortes mais lentos

A decisão do Federal Reserve era amplamente esperada pelos analistas. Ao manter os juros estáveis, o banco central dos EUA confirmou uma leitura de que a economia americana segue sólida, mas com sinais de desaquecimento pontual, como a contração leve do PIB no primeiro trimestre e a desaceleração do mercado de trabalho.

Ainda assim, a autoridade monetária norte-americana reforçou que pretende realizar dois cortes de 0,25 ponto percentual ainda em 2025. Essa previsão é mais moderada do que as expectativas anteriores, que falavam em três cortes já neste ano. A inflação nos EUA, que vinha caindo, voltou a mostrar resistência em setores como serviços e habitação, o que levou o Fed a adotar uma postura mais prudente.

Copom eleva Selic e acena com pausa futura

No Brasil, a decisão do Copom foi mais dura do que o mercado previa. Com a Selic subindo para 15% ao ano, o Banco Central sinaliza preocupação com a inflação de médio e longo prazo, que segue acima da meta, especialmente após sucessivos episódios de desconfiança fiscal.

As expectativas de inflação para 2025 e 2026 continuam acima dos objetivos do Conselho Monetário Nacional, o que exigiu uma resposta mais firme do BC, mesmo diante da desaceleração do consumo e da queda no ritmo da atividade econômica.

Apesar da alta, a ata da reunião indicou que o Copom considera essa elevação como possivelmente a última do atual ciclo. O comitê quer observar os efeitos cumulativos das últimas decisões antes de decidir novos ajustes. No entanto, deixou claro que está pronto para voltar a agir, caso o cenário piore — especialmente se a questão fiscal não for equacionada.

Impacto para a economia e os brasileiros

Para o cidadão comum, o aumento da Selic encarece o crédito, tornando financiamentos e empréstimos mais caros. Isso afeta desde as compras no cartão até o financiamento de imóveis e veículos. Por outro lado, a taxa mais alta favorece os investimentos em renda fixa, como o Tesouro Direto, CDBs e poupança, que passam a oferecer retornos mais atrativos.

No plano macroeconômico, o Brasil se torna mais interessante para investidores estrangeiros em busca de retornos elevados, o que pode ajudar a conter a alta do dólar. Porém, essa atratividade vem com o custo de desacelerar o crescimento interno.

Já nos EUA, a manutenção dos juros tende a manter o dólar forte, mas os sinais de corte em 2025 podem aliviar parte da pressão sobre as economias emergentes, inclusive o Brasil.

Tensão entre política e economia

A decisão do Copom ocorre em meio a crescentes pressões do governo federal por juros mais baixos. O presidente Lula e aliados têm criticado abertamente a condução da política monetária, argumentando que os juros altos travam o crescimento e prejudicam os mais pobres.

Do outro lado, o BC se mostra preocupado com o descontrole das contas públicas e com a instabilidade gerada pela falta de confiança no cumprimento do novo arcabouço fiscal. A recente proposta de acabar com o IOF em operações cambiais, que pode reduzir a arrecadação em bilhões, foi mais um fator que pesou na decisão do Copom.

Próximos passos

Com o Fed indicando que os cortes nos EUA serão mais lentos e o Copom adotando uma postura firme, o Brasil se posiciona como um dos países com a maior taxa real de juros do mundo. Essa situação deve se manter nos próximos meses, a não ser que o governo consiga mostrar maior responsabilidade fiscal ou que os indicadores de inflação comecem a surpreender positivamente.

Enquanto isso, o consumidor e o investidor brasileiro precisarão navegar com cautela num ambiente de crédito caro, incertezas políticas e grande volatilidade nos mercados.

Se quiser, posso montar uma projeção de quanto rende hoje um investimento com a Selic a 15%, ou como isso afeta um financiamento de longo prazo.

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