Economia

Open Finance, inteligência artificial e pagamentos instantâneos: os destaques do fórum Money 20/20 Europa

O Money 20/20 Europa, um dos principais fóruns globais sobre inovação no setor financeiro, reuniu especialistas, executivos e autoridades em Amsterdã para discutir o futuro do dinheiro, com foco nas transformações digitais em curso. Nesta edição, os temas centrais foram Open Finance, inteligência artificial (IA) e a evolução dos sistemas de pagamentos – pontos considerados estratégicos para o redesenho das finanças globais nos próximos anos.

Um dos maiores destaques foi o avanço do Open Finance. A ideia de permitir que consumidores compartilhem seus dados financeiros entre instituições de forma segura, transparente e com controle total sobre a informação já é realidade em alguns países, como o Reino Unido, mas vem se expandindo rapidamente para novas regiões. Representantes de bancos, fintechs e reguladores discutiram como transformar o Open Finance em uma plataforma de inovação, indo além de compartilhamento de dados para permitir serviços personalizados, agregadores financeiros e novos modelos de crédito.

A inteligência artificial também ocupou lugar de destaque. Empresas demonstraram aplicações reais de IA generativa e algoritmos de machine learning para detecção de fraudes, personalização de ofertas, scoring de crédito e atendimento automatizado. Ao mesmo tempo, levantaram preocupações éticas, de privacidade e de segurança. A expectativa do setor é que a IA assuma um papel decisivo na operação de instituições financeiras nos próximos anos, especialmente com o amadurecimento dos modelos e das regulamentações que buscam equilibrar inovação e responsabilidade.

No campo dos pagamentos, o evento destacou o avanço dos sistemas instantâneos e das moedas digitais. Houve grande atenção ao modelo europeu de pagamento instantâneo, que está se expandindo rapidamente e deve ser obrigatório para os bancos em breve. Paralelamente, o debate sobre moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) ganhou força, com países como Suécia, China e Brasil já em fases avançadas de testes. Especialistas apontaram que, com o tempo, essas moedas digitais devem mudar o papel tradicional dos bancos e abrir espaço para novos tipos de carteira e infraestrutura de pagamento.

Outro ponto discutido foi a interoperabilidade global entre sistemas de pagamento. Com a digitalização das transações, cresce o interesse por soluções que permitam que diferentes plataformas se conectem em tempo real, independentemente de fronteiras. O objetivo seria criar uma rede global eficiente, rápida e segura, reduzindo custos para consumidores e empresas.

Além das inovações tecnológicas, o Money 20/20 Europa também deu espaço para reflexões sobre inclusão financeira, sustentabilidade e governança digital. A ideia de que tecnologia sozinha não resolve desigualdades esteve presente em diversas falas, com muitos painelistas defendendo que a digitalização precisa vir acompanhada de políticas de acesso, educação financeira e regulação adequada.

O evento confirmou que o setor financeiro global está em uma encruzilhada: entre o passado de estruturas rígidas e o futuro de plataformas abertas, dinâmicas e baseadas em dados. Open Finance, IA e pagamentos em tempo real são, ao que tudo indica, os pilares dessa transformação, e o que se viu em Amsterdã foi um setor consciente de que a revolução já começou – e que só os mais ágeis, colaborativos e centrados no cliente terão espaço no novo ecossistema financeiro.

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